Estátua de Ronaldo em Goa gera polémica colonialista
Em 2021 celebra-se o 60.º aniversário da tomada de Goa pelas tropas indianas. Esta efeméride justificou descontentamento, com um momento considerado desrespeitoso para com o povo goês.
Uma estátua para inspirar os mais jovens tornou-se numa polémica de contornos coloniais. É este o resumo da confusão instalada em Goa, na Índia, com uma representação de Cristiano Ronaldo erguida na antiga colónia portuguesa.
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Uma estátua para inspirar os mais jovens tornou-se numa polémica de contornos coloniais. É este o resumo da confusão instalada em Goa, na Índia, com uma representação de Cristiano Ronaldo erguida na antiga colónia portuguesa.
A estátua, com mais de 400 quilos, tinha, em tese, uma função meramente inspiradora, mas em 2021 celebra-se o 60.º aniversário da tomada de Goa pelas tropas indianas. Esta efeméride relativa ao passado colonial português justificou a ira de algumas pessoas na Índia, por considerarem um timing desrespeitoso para com o povo goês – cuja libertação de Portugal só surgiu 14 anos depois de o resto da Índia se ter afastado da influência britânica.
Segundo a BBC, além de protestos de activistas, houve mesmo habitantes locais a agitarem bandeiras negras durante a inauguração do monumento, em protesto perante a escolha do momento.
For the love of football and at the request of our youth we put up Cristiano Ronaldo's statue in the park to inspire our youngsters to take football to greater heights. It was an honour to inaugurate the beautification of open space, landscaping, garden with foundation & walkway. pic.twitter.com/VU5uvlSlMT
— Michael Lobo (@MichaelLobo76) December 28, 2021
Aquilo que seria uma infeliz coincidência com a data ganhou contornos maiores, tendo já havido reacção do Governo goês. Michael Lobo, ministro do Governo de Goa, explicou que a estátua “pretende inspirar os jovens”. “Se queremos elevar o futebol a outro nível, isto [Ronaldo] é o que rapazes e raparigas devem seguir”, acrescentou, à Asian News International.
Defendendo que o Governo deve criar condições para o futebol se desenvolver, apontou que a estátua “é apenas para inspiração”. E criticou os contestatários. “Há quem se tenha oposto à estátua e penso que essas pessoas não gostam de futebol e não o consideram uma religião. O futebol é um jogo em que todos são iguais, independentemente da raça, cor ou religião. Ainda assim, essas pessoas opõem-se com bandeiras pretas…”.