A insustentável felicidade do ser (jovem)

Nostálgico, mas não trôpego, Licorice Pizza é uma espantosa celebração da esperança, do futuro, do amor, da amizade — de tudo aquilo que faz uma vida. Perfeito para fechar 2021 e abrir 2022.

Foto
Licorice Pizza é o filme de que não sabíamos que precisávamos: nostálgico mas não trôpego, leve sem ser disperso, cheio de esperança por tudo quanto é sítio Melinda Sue Gordon/ Metro-Goldwyn-Mayer Pictures

Chamemos, sem pejo, a Licorice Pizza aquilo que o novo filme de Paul Thomas Anderson é: um filme feliz. Uma celebração daquele momento da vida em que tudo parece ainda ser possível, em que os obstáculos podem ser ultrapassados com uma boa dose de engenho e outro tanto de desfaçatez. É isso que representa o seu “herói”, Gary Valentine, adolescente à beira da maioridade, filho de uma relações públicas de Los Angeles que é também miúdo actor e fura-vidas de primeira. Sempre em movimento, como um pequeno tubarão que não pode ficar quieto, sempre a correr de um lado para a outro, com aquela energia permanentemente insatisfeita de quem está a abrir pela primeira vez as portas que crescer revela. E todo o filme, à sua imagem, está sempre a correr (por aí se pode, por exemplo, fazer uma ponte com as personagens em fuga de Léos Carax, mas as de Anderson estão menos a fugir “de” algo e mais “em direcção a” outra coisa).

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Chamemos, sem pejo, a Licorice Pizza aquilo que o novo filme de Paul Thomas Anderson é: um filme feliz. Uma celebração daquele momento da vida em que tudo parece ainda ser possível, em que os obstáculos podem ser ultrapassados com uma boa dose de engenho e outro tanto de desfaçatez. É isso que representa o seu “herói”, Gary Valentine, adolescente à beira da maioridade, filho de uma relações públicas de Los Angeles que é também miúdo actor e fura-vidas de primeira. Sempre em movimento, como um pequeno tubarão que não pode ficar quieto, sempre a correr de um lado para a outro, com aquela energia permanentemente insatisfeita de quem está a abrir pela primeira vez as portas que crescer revela. E todo o filme, à sua imagem, está sempre a correr (por aí se pode, por exemplo, fazer uma ponte com as personagens em fuga de Léos Carax, mas as de Anderson estão menos a fugir “de” algo e mais “em direcção a” outra coisa).