“Se você tem uma ideia para um romance, você sempre pode reduzi-lo a um conto?”, perguntava Chico Buarque a Clarice Lispector numa entrevista que a escritora lhe fez para a série Diálogos Impossíveis com Clarice Lispector. Foi publicada em Setembro de 1968 na revista Manchete e está reproduzida na Fotobiografia Clarice, da académica Nádia Batella Gotlib. Conversavam sobre o processo criativo, o compositor explicava à autora de Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres que, às vezes, quando procurava criar algo adormecia e acordava a pensar no assunto. Mas não avançava. Acontecia-lhe desistir até que num outro dia “a coisa estourava”. Era-lhe mais fácil pensar em criar coisas pequenas, como a letra de uma canção, do que almejar uma sinfonia ou um romance, que poderiam despedaçar-se antes de terminados. “Aí é que entra o sofrimento do artista”, dizia-lhe então Clarice e por isso ele lhe lançou a hipótese de reduzir-se a ideia de um romance a um conto. “Não é bem assim, mas se eu falar mais, a entrevistada fica sendo eu”, respondeu-lhe Lispector que no final da conversa quis saber qual era para Buarque a coisa mais importante do mundo. Chico: “Trabalho e amor”. Ela: “O que é o amor?” Ele: “Não sei definir, e você?”. Ela: “Nem eu”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Se você tem uma ideia para um romance, você sempre pode reduzi-lo a um conto?”, perguntava Chico Buarque a Clarice Lispector numa entrevista que a escritora lhe fez para a série Diálogos Impossíveis com Clarice Lispector. Foi publicada em Setembro de 1968 na revista Manchete e está reproduzida na Fotobiografia Clarice, da académica Nádia Batella Gotlib. Conversavam sobre o processo criativo, o compositor explicava à autora de Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres que, às vezes, quando procurava criar algo adormecia e acordava a pensar no assunto. Mas não avançava. Acontecia-lhe desistir até que num outro dia “a coisa estourava”. Era-lhe mais fácil pensar em criar coisas pequenas, como a letra de uma canção, do que almejar uma sinfonia ou um romance, que poderiam despedaçar-se antes de terminados. “Aí é que entra o sofrimento do artista”, dizia-lhe então Clarice e por isso ele lhe lançou a hipótese de reduzir-se a ideia de um romance a um conto. “Não é bem assim, mas se eu falar mais, a entrevistada fica sendo eu”, respondeu-lhe Lispector que no final da conversa quis saber qual era para Buarque a coisa mais importante do mundo. Chico: “Trabalho e amor”. Ela: “O que é o amor?” Ele: “Não sei definir, e você?”. Ela: “Nem eu”.