EUA e Rússia confirmam negociações bilaterais a 10 de Janeiro
Reunião será dedicada a questões de segurança e de controlo de armamento e surge num momento de grande tensão entre os países, com a Ucrânia como pano de fundo.
Representantes dos governos dos Estados Unidos e da Federação Russa vão sentar-se à mesa no dia 10 de Janeiro para discutirem uma série de questões de segurança que os preocupam, incluindo formas de controlo de armamento e os desenvolvimentos da tensão recente no Leste da Ucrânia.
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Representantes dos governos dos Estados Unidos e da Federação Russa vão sentar-se à mesa no dia 10 de Janeiro para discutirem uma série de questões de segurança que os preocupam, incluindo formas de controlo de armamento e os desenvolvimentos da tensão recente no Leste da Ucrânia.
No dia 12 será a vez de a Rússia se reunir com membros da NATO e para o dia seguinte está agendado outro encontro, desta vez no âmbito da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE).
O encontro bilateral de alto nível entre Moscovo e Washington já tinha sido avançado na semana passada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, e pela vice-secretária de Estado norte-americana para a Europa e Eurásia, Karen Donfried, mas ainda não tinha uma data oficial – que foi agora confirmada por ambos os governos.
“Quando nos sentarmos para falar, a Rússia pode colocar as suas preocupações em cima da mesa. E nós também vamos colocar em cima da mesa as nossas preocupações sobre as actividades da Rússia”, afirmou na segunda-feira à noite um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, citado pela AFP.
“Haverá áreas em que poderemos fazer progressos e áreas em que iremos discordar. A diplomacia é isso mesmo”, acrescentou, falando sob condição de anonimato.
Rússia e Estados Unidos têm trocado acusações nas últimas semanas por causa da mobilização de mais de 100 mil soldados, tanques e peças de artilharia russas para a fronteira entre o seu país e a Ucrânia – em guerra civil desde 2014, travada entre o Exército ucraniano e forças separatistas pró-russas, na sequência da anexação russa da Crimeia.
Os serviços de informação ucranianos e norte-americanos alertaram para os perigos de uma ofensiva militar, iniciada pela Rússia, no início de 2022, e Washington prometeu responder a esse cenário com a imposição de novas sanções a Moscovo e a entidades russas.
O Kremlin negou, no entanto, quaisquer planos bélicos e no sábado informou que mais de 10 mil soldados regressaram às bases, depois de terem participado em exercícios no Sul da Rússia.
Na sua conferência de imprensa anual, na semana passada, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de “estar sempre a dizer: guerra, guerra, guerra” e lembrou que foram os EUA e a NATO “que trouxeram os seus mísseis” até “à soleira da porta” russa.
Para negociar o que quer que seja, Moscovo tem exigido várias condições aos norte-americanos e à aliança atlântica, nomeadamente a garantia de que a Ucrânia nunca irá aderir à NATO e o fim dos exercícios militares da organização no Leste da Europa.
Citado pela RIA, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Ryabkov sublinhou nesta terça-feira que ao Rússia irá manter essas exigências nos encontros dos dias 10, 12 e 13 do próximo mês.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca esclareceu, no entanto, que não serão tomadas quaisquer decisões sobre a Ucrânia sem a participação ou o consentimento dos seus representantes políticos nestas mesmas decisões.
Reforço da fronteira
Washington, entretanto, anunciou que irá financiar projectos de vigilância e de monitorização de equipamento nas fronteiras ucranianas com a Rússia e a Bielorrússia.
De acordo com um comunicado do serviço de fronteiras ucraniano, citado pela Reuters, o valor do investimento é de 20 milhões de dólares e visa a aquisição de sistemas de gravação de vídeo e de drones, bem como equipamento pessoal de protecção para os guardas fronteiriços.
A menos de duas semanas do encontro entre EUA e Rússia, ambos os lados parecem empenhados em chegar o mais fortalecido possível à mesa de negociações para ter mais trunfos para jogar, usando o velho adágio latino de que para fazer a paz é preciso armar-se para a guerra.