Câmara do Porto instala laboratório de restauro de arte no antigo Abrigo dos Pequeninos

Obra para instalar reservas dos museus municipais no edifício das Fontainhas, no Bonfim, deve terminar em 2023

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O Abrigo dos Pequeninos encerrou há sete anos. Vai reabrir com um novo uso HS Hugo Santos

A futura reserva museológica do acervo municipal, que a Câmara do Porto vai instalar no antigo Abrigo dos Pequeninos, no Porto, encerrado há sete anos, vai contar com um laboratório que permitirá a conservação e restauro das peças e o estudo de artistas. Fundado em Abril de 1935 para acolher crianças carenciadas, o equipamento situado nas Fontainhas, freguesia do Bonfim, entrou em obras em Outubro e deverá reabrir em 2023, adiantou à Lusa a chefe de divisão municipal de museus da Câmara do Porto.

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A futura reserva museológica do acervo municipal, que a Câmara do Porto vai instalar no antigo Abrigo dos Pequeninos, no Porto, encerrado há sete anos, vai contar com um laboratório que permitirá a conservação e restauro das peças e o estudo de artistas. Fundado em Abril de 1935 para acolher crianças carenciadas, o equipamento situado nas Fontainhas, freguesia do Bonfim, entrou em obras em Outubro e deverá reabrir em 2023, adiantou à Lusa a chefe de divisão municipal de museus da Câmara do Porto.

O novo destino do Abrigo dos Pequeninos é “um projecto com dois eixos principais": a organização das reservas que já existiam e a preparação da transferência do espólio para a nova reserva, esclareceu a responsável pela reorganização das reservas museológicas e docente Maria Aguiar. Numa visita à reserva municipal de Ramalde, Maria Aguiar revelou que são sete as salas que vão compor aquele espaço, cada qual dedicada a uma tipologia: pintura, têxteis, desenhos, gravuras, metais, mobiliário e uma caixa-forte “para albergar peças de maior valor”.

O programa do edifício inclui um laboratório, equipamento que “não é comum a todas as reservas” e que permitirá a conservação e o restauro das peças. “O laboratório vai permitir, não só através do espaço, mas também das técnicas de conservação e restauro, fazer tratamentos às peças que têm patologias, problemas, sinais de corrosão e fragmentos partidos”, disse a professora da Escola das Artes da Universidade Católica, lembrando que esses tratamentos não são possíveis nas actuais reservas porque implicam a utilização de resinas e solventes.

Restaurar e investigar

O laboratório vai ainda impulsionar “o estudo de artistas”, estando preparado para receber alunos não só da área da conservação e restauro, mas também da museologia e da história da arte. “É algo que faz falta e parece-me que vai ser preenchida, e muito bem, essa lacuna”, notou Maria Aguiar.

À Lusa, o director artístico do Museu da Cidade revelou que em curso estão já dois projectos de investigação com o laboratório HÉRCULES, da Universidade de Évora, um relacionado com António Carneiro e outro com Aurélia de Sousa. “O laboratório permite um trabalho reactivo e de investigação. Estes projectos vão permitir um conhecimento mais aprofundado das peças que temos”, salientou Nuno Faria.

Uma área de estudo, um estúdio fotográfico, uma sala de quarentena e outra de tratamento de anoxia, para onde será movida a tenda de tratamento instalada desde Maio de 2020 na reserva de Ramalde, serão outros dos espaços que integraram aquela reserva museológica visitável.

Acessibilidade, condições ambientais adequadas, facilidade de limpeza, de circulação e de estudo são características “fundamentais” para que o Abrigo dos Pequeninos possa albergar parte das peças do espólio guardado na reserva de Ramalde, nomeadamente, aquelas cuja relevância permitirá “potenciar a investigação” e cujos materiais se coadunem com o espaço existente.

Depois de ter tentado vender o imóvel, em Novembro de 2020 a Câmara do Porto lançou o concurso público para a realização das obras de requalificação do edifício do Abrigo dos Pequeninos, com um preço base de procedimento de 1,35 milhões de euros. A gestão da empreitada está a cargo da empresa municipal Domus Social. O destino escolhido para o espaço mereceu críticas do Bloco de Esquerda, que defendia a reabilitação do Abrigo para funções sociais, dada a sua inserção numa freguesia da cidade carente desse tipo de respostas.