Taliban proíbem mulheres de viajar sem companhia de homens

Desde Agosto, quando reassumiram o controlo do Afeganistão, os taliban impuseram várias restrições às mulheres em matérias como trabalho e educação.

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Manifestação de afegãs em defesa do direito à educação, em Setembro passado Reuters/STRINGER

Os taliban anunciaram este domingo que as mulheres têm que ser acompanhadas por um parente do sexo masculino para realizarem viagens de longas distância e recomendaram aos motoristas que aceitem apenas as passageiras que tenham véu islâmico.

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Os taliban anunciaram este domingo que as mulheres têm que ser acompanhadas por um parente do sexo masculino para realizarem viagens de longas distância e recomendaram aos motoristas que aceitem apenas as passageiras que tenham véu islâmico.

A recomendação, que circula nas redes sociais desde sábado, foi divulgada pelo Ministério para a Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício.

“As mulheres que viajem mais de 45 milhas [cerca de 72 quilómetros] não podem deslocar-se se não forem acompanhadas por um parente próximo”, afirmou este domingo o porta-voz do ministério. Sadeq Akif Muhajir, em declarações à Agência France Presse (AFP), especificando que esse “parente próximo” deve ser um homem.

Desde Agosto, quando reassumiram o controlo do território afegão, os taliban impuseram várias restrições às mulheres em matérias como trabalho e educação.

“A nova ordem vai tornar as mulheres prisioneiras”, afirmou Heather Barr da organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch, acrescentando que, a cada dia, os pontos de vista dos talibãs sobre os direitos das mulheres ficam mais claros.

No sábado, os taliban tinham também anunciado a dissolução da Comissão Eleitoral Independente e da Comissão Independente de Reclamações Eleitorais, os dois organismos eleitorais mais importantes do Afeganistão, no seguimento de uma remodelação institucional que eliminou também o Ministério de Estado para a Paz e o Ministério de Estado para os Assuntos Parlamentares.

O porta-voz adjunto dos taliban, Bilal Karimi, argumentou que todas estas instituições foram dissolvidas porque “ já não necessárias”, segundo declarações recolhidas pela Tolo News. O mesmo porta-voz informou que as autoridades tentarão agora realocar os 1500 funcionários afectados pela medida “com base nas suas qualificações e nas vagas disponíveis” e fornecer “trabalho alternativo para os funcionários destas instituições desnecessárias.”

Os taliban regressaram ao poder em Cabul em meados de Agosto deste ano, aproveitando a retirada militar dos ocidentais e a queda do Governo afegão por eles apoiado, após 20 anos de guerra sangrenta.