Os algoritmos estão a aprender a pintar
Lisboa é vista como um misto de prédios altos e pastéis de nata. Os algoritmos são treinados com enormes bases de dados (por exemplo, imagens de praia e bolachas e cidades) para aprender padrões e temas comuns às imagens.
Os sistemas de inteligência artificial estão a tornar-se mais capazes nas artes. Já há algoritmos programados para criar — e depois vender — retratos e pinturas na Internet a partir de sugestões escritas. É o caso da Dream, uma aplicação móvel (disponível para iOS, Android e navegadores online) que é capaz de combinar pedidos de desenhos (por exemplo, “casal em Lisboa”, “cidade portuguesa” ou “bolo de chocolate à chuva”) com um estilo artístico para recriar obras originais. Não há duas imagens iguais.
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Os sistemas de inteligência artificial estão a tornar-se mais capazes nas artes. Já há algoritmos programados para criar — e depois vender — retratos e pinturas na Internet a partir de sugestões escritas. É o caso da Dream, uma aplicação móvel (disponível para iOS, Android e navegadores online) que é capaz de combinar pedidos de desenhos (por exemplo, “casal em Lisboa”, “cidade portuguesa” ou “bolo de chocolate à chuva”) com um estilo artístico para recriar obras originais. Não há duas imagens iguais.
Os algoritmos foram programados pela Wombo AI, uma empresa canadiana que se especializa em inteligência artificial e é conhecida por criar uma app que permite criar vídeos falsos de pessoas a cantarem músicas populares. A nova app é uma forma de chamar atenção à tecnologia da empresa.
Por norma, os algoritmos são treinados com enormes bases de dados (por exemplo, imagens de praia e bolachas e cidades) para aprender padrões e temas comuns às imagens. Ao pedir desenhos de “Lisboa”, em tons de pastel, a Dream cria gravuras de prédios com telhados vermelhos e paredes brancas à beira mar. Ao pedir uma opção num estilo “vibrante” surge um conjunto de cinco objectos amarelos (lembram pastéis de nata pouco queimados, ou rosas amarelas) num fundo que mistura tons de lilás, azul e cor-de-rosa — há um olho, muito azul e aberto, no meio dos pastéis.
Como o algoritmo da Dream é capaz de desenhar um pastel de nata e associa Lisboa a imagens de colinas, as bases de dados provavelmente incluíram exemplos do doce e da cidade portuguesa. O PÚBLICO tentou contactar a equipa da Wombo AI para perceber quais as bases de dados utilizadas, mas ainda não obteve resposta.
Este tipo de serviços está a tornar-se cada vez mais popular, com mais pessoas curiosas para perceber até onde vai a inteligência artificial. Nos últimos anos, também têm sido criados sistemas de algoritmos capazes de criar pequenos romances a partir de frases (é o caso do Fale com o Transformer).
A versão da Wombo AI não serve só para mostrar a tecnologia. As obras digitais criadas pelos algoritmos podem ser descarregadas gratuitamente, mas também se pode comprar uma versão física dos desenhos com moldura por 45 dólares (quase 40 euros). No futuro, a empresa quer transformar as obras em NFT — bens digitais únicos catalogados em plataformas criadas para transacções com criptomoedas (as ditas blockchains).
Apesar de o site ser divertido de explorar, os algoritmos da Wombo Dream ainda falham. Com sugestões mais complexas (por exemplo, “amigos a andar de bicicleta num parque”), o resultado é um borrão de cores – mas não menos artístico.