Dados clínicos de crianças internadas com covid expostos nas redes sociais
Apesar de as identidades dos menores não terem sido reveladas, vários representantes da comunidade médica estão indignados, tendo o caso sido comunicado à Protecção de Dados e às autoridades.
Há dados clínicos de crianças que estiveram internadas em unidades de cuidados intensivos por causa do SARS Cov-2 a serem expostos numa página de negacionistas anti-vacinas no Facebook, noticiou o canal CNN Portugal.
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Há dados clínicos de crianças que estiveram internadas em unidades de cuidados intensivos por causa do SARS Cov-2 a serem expostos numa página de negacionistas anti-vacinas no Facebook, noticiou o canal CNN Portugal.
Apesar de as identidades dos menores não terem sido reveladas, vários representantes da comunidade médica estão indignados, tendo o caso sido comunicado à Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) – que, no entanto, já disse que “a informação, embora detalhada do ponto de vista clínico, não parece permitir identificar os titulares dos dados”. Em causa está um documento com dados relativos a onze crianças, dos 5 aos 11 anos, que estiveram internadas entre Abril de 2020 e Março de 2021. Nesta publicação, estão descritos os dias de internamento, a data precisa da alta, a idade, o sexo, o hospital em que ficaram internadas e, ainda, as doenças de que cada uma padecia.
Foi a Ordem dos Médicos que enviou o processo para a CNPD. “Há sindicatos que avisam que esta publicação reflecte a falta de investimento na segurança dos sistemas de informação em saúde; e a Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos Pediátricos adianta que a Direcção-Geral de Saúde já foi avisada do que se está a passar por uma médica destes serviços”, refere a CNN, acrescentando que o administrador da página de Facebook alega que tendo os dados sido anonimizados as crianças não foram prejudicadas, por não estarem identificadas.
Mas para o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Lourenço, a divulgação dessa informação é inaceitável, “pois com os dados disponíveis é possível identificar as crianças”. Este responsável explica que o caso vai seguir para as entidades que podem averiguar se há algum crime na publicação dos dados, e investigar como saíram eles de várias unidades de saúde.
Para Cristina Camilo, presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos Pediátricos, a situação é “gravíssima”. O presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, diz que é urgente perceber o que se passou, por estarem em causa dados tão sensíveis, que deveriam ter o máximo de protecção. E garante nunca ter visto uma situação deste género.
“Este caso mostra aquilo que nós temos alertado, que é uma falta de investimento sério nos sistemas informáticos da saúde, não só em termos de protecção de ataques externos, como também naquilo que é básico”, referiu ao mesmo canal.
Esta notícia foi objecto de um direito de resposta publicado a 4 de Novembro de 2022 por determinação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, cujo texto pode ser lido aqui.