Conselho de Comunidades lamenta “contínuo desinvestimento” na rede do ensino de português

Com 39.540 alunos a frequentar a rede oficial do EPE, o ano lectivo 2019/20 é o pior deste século em termos de números de alunos, segundo o presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa.

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Diego Nery

O presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa, Pedro Rupio, lamentou esta quarta-feira o contínuo “desinvestimento” na rede oficial do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE), na qual o número de alunos foi o mais baixo deste século.

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O presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa, Pedro Rupio, lamentou esta quarta-feira o contínuo “desinvestimento” na rede oficial do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE), na qual o número de alunos foi o mais baixo deste século.

“Com 39.540 alunos a frequentar a rede oficial do EPE, o ano lectivo 2019/20 é o pior deste século em termos de números de alunos”, revelou Pedro Rupio, que obteve estes dados do presidente do instituto Camões, uma vez que os mesmos não constam do Relatório da Emigração, divulgado na terça-feira.

O conselheiro das comunidades portuguesas recordou que, “depois de se ter passado por baixo da barra dos 50.000 alunos em 2013/14”, o que aconteceu logo após a introdução de uma propina, alvo de contestação desde essa data, “ficou-se agora sob a barra simbólica dos 40.000 alunos, seis anos mais tarde”.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Rupio referiu que “o objectivo do Camões é cada vez mais ensinar português para estrangeiros, o que se confirma no ensino integrado, em detrimento do ensino paralelo, com cada vez menos alunos”.

A consequência, disse, é “o afastamento do público português e lusodescendente da rede oficial do EPE”. E acusou os governos destes últimos seis anos de considerarem “mais interessante para Portugal investir num estrangeiro do que num português”.

“O objectivo foi claramente a aposta no ensino integrado, em que a maioria são alunos nacionais do país de residência, em detrimento do ensino paralelo, sobretudo para alunos portugueses, que seguem um modelo de ensino dado de forma extracurricular, em escolas que não as que frequentam habitualmente”, disse.

E projecta que, “enquanto houver esse investimento único no português para estrangeiros, continuará essa tendência”. “Temos tudo a favor do português para estrangeiros e o que pedimos é que as crianças portuguesas e lusodescendentes não sejam esquecidas e que possam seguir as aulas de língua e cultura portuguesas”, declarou.

Dados do Camões, citados por Pedro Rupio, indicam que, em 2013/14, a proporção de alunos no ensino paralelo era de 64,6% e de 35,4% no ensino integrado (maioritariamente frequentado por alunos estrangeiros), essa mesma proporção passou respectivamente para 39,6% no ensino paralelo e 57% no ensino integrado em 2019/20.

Os primeiros cursos de língua e cultura portuguesas para filhos de emigrantes foram criados em Esch-sur-Alzette, Luxemburgo, em 1972.