Leça, do quarto escalão do futebol nacional, nos quartos-de-final da Taça de Portugal
Os leceiros já eliminaram três formações de escalões superiores, duas delas da I Liga.
O Leça fez nesta quarta-feira história na Taça de Portugal, ao tornar-se a primeira equipa do quarto escalão do futebol português a chegar aos quartos-de-final no século XXI, repetindo, 22 anos depois, o feito dos Dragões Sandinenses.
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O Leça fez nesta quarta-feira história na Taça de Portugal, ao tornar-se a primeira equipa do quarto escalão do futebol português a chegar aos quartos-de-final no século XXI, repetindo, 22 anos depois, o feito dos Dragões Sandinenses.
Em embate entre equipas do Campeonato de Portugal, o Leça impôs-se ao Paredes por 6-5, no desempate por penáltis, com o guarda-redes Gustavol Galil como “herói”, e conseguiu algo que nenhum clube alcançava na prova desde 1999/2000.
Nessa temporada, os Dragões Sandinenses, da III Divisão, o quarto escalão, abaixo da I Liga, da II Liga e da II divisão B, lograram esse feito com um triunfo bem mais marcante, já que foi conseguido na casa de um primodivisionário, o Estrela da Amadora.
Os comandados de Ulisses Morais foram vencer à casa de Jorge Jesus por 2-1, num embate em que a figura dos forasteiros foi o avançado Pinheiro, que “bisou”.
Depois um lance infeliz de Elísio, que marcou na própria baliza e deu vantagem ao Estrela da Amadora logo no primeiro minuto, o avançado dos Dragões Sandinenses empatou aos 23’, isolado por Paulo Sousa, e selou a reviravolta já nos descontos, aos 90+2’, ao voltar a bater Tiago depois de roubar a bola a Vítor Vieira.
“Foi a humildade e a capacidade de sofrimento que nos levaram ao triunfo”, disse Ulisses Morais.
Por seu lado Jorge Jesus deu “os parabéns aos jogadores dos Dragões Sandinenses”, lamentando os muitos golos perdidos: “A minha equipa nunca criou tantas oportunidades de golo, só que não conseguimos concretizar, mas não estou decepcionado”.
Na Estádio José Gomes, na Reboleira, em 26 de Janeiro de 2000, o conjunto de Sandim fez história com um “onze” composto por Jorge, Almeida, Elísio, Teófilo, Hugo, Rebordão, Gilmar, Paulo Sousa, Simões, Pinheiro e Lourenço.
No decorrer do encontro, ainda entraram Tozé, para substituir o lesionado Gilmar, aos nove minutos, e Paulo Campos, lançado para o lugar do primeiro jogador que tinha entrado, aos 69’.
O sorteio dos quartos-de-final realizou-se no dia seguinte e aos Dragões Sandinenses calhou a deslocação ao Estádio José Alvalade, para defrontar o Sporting, que no dia do feito do clube do quarto escalão venceu o Benfica, na Luz, por 3-1.
Poucos dias depois, em 9 de Fevereiro, o conjunto da III Divisão ainda conseguiu suster os “leões” até ao quarto de hora final, provocando mesmo assobios dos adeptos do Sporting - que viria a sagrar-se campeão nacional - aos seus jogadores.
O extremo espanhol Toñito, aos 76 minutos, o central brasileiro Marcos, aos 83’, e o médio Afonso Martins, já aos 90+4 minutos, selaram, porém, o “tardio” triunfo do “onze” de Augusto Inácio, que viria a perder a final com o FC Porto, num jogo de desempate.
Antes de caírem face ao Sporting e de eliminarem o Estrela da Amadora, os Dragões Sandinenses afastaram, sempre fora, o Juventude de Ronfe (2-0), o Cabeceirense (4-2) e o Elvas (2-0), todos após prolongamento, e o Paços de Ferreira, da II Liga (1-0).
Na quinta ronda, o conjunto de Sandim jogou pela única vez em casa, batendo o Vilanovense por 2-0.
Agora, 22 anos depois, foi o Leça, que conta quatro presenças no primeiro escalão (1941/42, 1995/96, 1996/97 e 1997/98), a fazer história, num percurso em que eliminou três formações de um escalão superior, duas delas da I Liga.
O conjunto comandado por Luís Pinto começou por bater fora o Pedroso, dos Distritais, por 2-0 e, depois, foi a Pombal superar o conjunto dos Distritais por 4-0.
A formação de Leça da Palmeira começou a tornar-se uma das sensações da prova na terceira ronda, ao receber e afastar o Arouca no desempate por penáltis (2-1), após 1-1 nos 120 minutos, num embate em que o protagonista foi o guarda-redes Gustavo Galil, que parou quatro pontapés na “lotaria”.
Depois, na quarta ronda, o Leça voltou a ser “tomba gigantes”, desta vez como um triunfo caseiro sobre o também primodivisionário Gil Vicente, conseguido graças a um golo de Diogo Rosado, apontado aos 65 minutos.
Nesta quarta-feira, de novo no seu reduto, a formação portuense qualificou-se para os quartos-de-final novamente nos penáltis, face ao Paredes, e com Galil em evidência, ao parar dois pontapés (de Ismael e Ema) e marcar o definitivo 6-5, depois de 1-1 nos 120 minutos.
No tempo regulamentar, Nani deu vantagem ao Leça, aos 27 minutos, mas Ismael igualou aos 41, de penálti.