Nunca houve um fosso destes entre terceiro e quarto da I Liga
Jorge Jesus apontou que os três “grandes” evoluíram mais do que as restantes equipas e, a nível de pontuação no campeonato, tem razão nessa afirmação. Destes dados podem sair decisões importantes para tomar no Sp. Braga de Carvalhal.
Há quem diga que o campeonato português está mais nivelado e que o ponto está mais caro do que nunca, pela melhoria das condições de trabalho na “classe média” do futebol nacional. Há quem diga, por outro, lado que há um fosso maior entre os três grandes e os restantes clubes. Jorge Jesus é um deles. “Os três grandes estão mais fortes do que no ano passado. Os outros também, mas os três grandes deram um passo maior”, apontou, na semana passada.
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Há quem diga que o campeonato português está mais nivelado e que o ponto está mais caro do que nunca, pela melhoria das condições de trabalho na “classe média” do futebol nacional. Há quem diga, por outro, lado que há um fosso maior entre os três grandes e os restantes clubes. Jorge Jesus é um deles. “Os três grandes estão mais fortes do que no ano passado. Os outros também, mas os três grandes deram um passo maior”, apontou, na semana passada.
Quem tem razão? Até ver, é o treinador do Benfica. O PÚBLICO analisou a diferença pontual entre o terceiro e o quarto classificados à 15.ª jornada e nunca a distância foi tão grande como a que existe actualmente entre Benfica e Sp. Braga (nove pontos).
Esta afirmação é válida desde que a vitória vale três pontos (1995/96) e mesmo indo mais atrás é preciso recuar até à longínqua época 1942/43 para ver uma diferença de dez pontos entre Benfica e Unidos de Lisboa.
Estes dados não permitem avaliar o desnível que existe de forma global – a 15.ª jornada é o medidor actual possível, mas o mais justo será sempre o do final da temporada (e não há, a esse nível, tendências dignas de registo) –, mas permitem perceber que a afirmação de Jorge Jesus sobre a temporada actual tem base factual.
Mais do que isso: a diferença dos “grandes” para aquele que tem tentado assumir o lugar de “terceiro grande” esvazia, em certa medida, o “balão” do Sp. Braga nessa luta, mais ainda depois de ter visto o Sporting ser campeão em 2020/21.
Novo foco em Braga?
Para o Sp. Braga há boas e más notícias que decorrem desta desvantagem de nove pontos. A boa é que os minhotos têm margem para se concentrarem na Taça de Portugal e na Liga Europa, provas que podem salvar a temporada do clube. A má – e que explica a boa – é que nunca um clube a nove pontos do terceiro classificado conseguiu terminar a temporada no pódio.
Em bom rigor, segundo o levantamento do PÚBLICO, nunca um quarto classificado conseguiu apanhar o trio da frente com uma distância de pelo menos cinco pontos – os nove do Sp. Braga são, por maioria de razão, de recuperação pouco menos do que quimérica.
Em 26 edições da I Liga com a vitória a valer três pontos, o quarto classificado à jornada 15 apanhou dez vezes o trio da frente. No entanto, oito dessas dez foram recuperações de zero, um ou dois pontos. Houve ainda duas recuperações de quatro pontos e acima disso nunca aconteceu.
Daqui se depreende que os três da frente – quase sempre os três grandes – tendem a não vacilar em demasia na segunda metade da temporada, muito menos ao ponto de deixarem aproximar-se o pelotão que vem atrás, colocando em risco os lugares europeus atribuídos ao pódio (em muitos casos, com Champions ao barulho).
O Sp. Braga está, portanto, numa fase da temporada em que poderá fazer escolhas. Está a 13 pontos do primeiro e segundo lugares e a nove do terceiro. Tem, depois, quatro pontos para gerir para o Portimonense na luta pela Liga Conferência.
Tal equivale a dizer que talvez os minhotos possam assumir não só uma priorização da Taça de Portugal e da Liga Europa como podem ter também uma gestão mental mais tranquila no campeonato, libertando a pressão de verem o que fazem os grandes – a luta, diz a história e a lógica, parece ser com formações teoricamente mais erráticas do que as que estarão no duelo do título.