Sara & André, Ana Cardoso, Joaquim Bravo e o Algarve nas Galerias Municipais de Lisboa em 2022
Temporada de exposições nos espaços dedicados à arte contemporânea da câmara de Lisboa passa ainda pelo trabalho da Associação Hélice – Fotógrafos que usam a Fotografia e por uma evocação da Revolução do Haiti.
Uma exposição com obras inéditas da dupla Sara & André, o projecto de um grupo de quatro fotógrafos e outro que liga a arte e o turismo são algumas das propostas da temporada expositiva das Galerias Municipais de Lisboa para 2022.
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Uma exposição com obras inéditas da dupla Sara & André, o projecto de um grupo de quatro fotógrafos e outro que liga a arte e o turismo são algumas das propostas da temporada expositiva das Galerias Municipais de Lisboa para 2022.
Na Galeria Quadrum, a 31 de Março, será inaugurado O Coleccionador, de Sara & André, que ficará patente até Junho, com um conjunto inédito de pinturas de média dimensão, realizadas entre 2021 e 2022.
As obras apresentadas em diversos materiais, tais como esmalte, óleo, aguarela, grafite e tinta-da-china sobre madeira, resultam de uma reflexão dos autores sobre várias colecções particulares de arte contemporânea sediadas em Portugal. O teor das imagens apresentadas resulta de um diálogo que a dupla de artistas manteve ao longo dos últimos dois anos com diversos coleccionadores, citando em simultâneo a série O Coleccionador de Belas-Artes, que António Areal apresentou em 1971, na galeria São Mamede, em Lisboa. Num segundo momento, posterior à exposição, será produzida uma edição que espelhará textualmente estes encontros e a pesquisa desenvolvida por Sara & André em torno destas colecções e do acto de coleccionar.
Na Galeria da Avenida da Índia, a partir de 7 de Abril, será a vez de Spectrum, com obras de quatro fotógrafos (Duarte Amaral Netto, João Paulo Serafim, Rodrigo Tavarela Peixoto e Valter Ventura) na sequência do trabalho desenvolvido nos últimos anos pela Associação Hélice – Fotógrafos que usam a Fotografia.
Neste projecto expositivo, vão ser integradas duas vertentes da sua actividade: “Construído em carrossel de movimento infinito a circular entre produção, arquivo, selecção e edição, Spectrum agrega os quatro fotógrafos que compõem a hélice num corpo comum de produção, discussão e acção criadora”, segundo o texto de apresentação da temporada das Galerias Municipais.
A exposição pretende apresentar o trabalho editorial desenvolvido ao longo dos últimos anos na revista Propeller, repensando todo o trabalho desenvolvido para o formato de publicação, e construindo uma outra forma de visibilidade para as opções que deram corpo à publicação.
Por seu turno, na Galeria da Boavista, Ana Cardoso e outros artistas vão apresentar Footnote 15: A Prototype (Nota de rodapé 15: Um Protótipo), a partir de 19 de Fevereiro, com curadoria de Barbara Piwowarska.
Este projecto colaborativo entre Barbara Piwowarska e Ana Cardoso teve origem no atelier da artista, em Lisboa, e é o resultado de uma residência de Bárbara Piwowarska nas Galerias Municipais, em Dezembro de 2020. Os artistas da exposição “partilham uma linguagem vanguardista que informa transversalmente o seu trabalho, através da interpretação dos aspectos espaciais, subjectivos, políticos e performativos da abstracção”, descreve a mesma nota.
Em Abril, no Pavilhão Branco, será a vez de This is a Bar... ou Praia de Banhos – Joaquim Bravo, Turismo e o Algarve, de Joaquim Bravo e outros artistas, com curadoria de Diogo Pinto. A mostra, que será acompanhada por uma publicação com um texto do curador e de Mariana Tilly, irá reunir artistas que conviveram com Joaquim Bravo, e que, de algum modo, partilharam com ele uma visão da paisagem e da realidade turística algarvia, destacando as relações subtis entre arte e turismo no território português.
Ainda na Galeria da Boavista, mas a partir de 21 de Maio, decorrerá a exposição Panamérica, lavro e dou fé! Ato 1 – Bwa Kayiman, de Cecilia Eliceche e Leandro Nerefuh, que permanecerá patente até Setembro de 2022. “Haiti, ou melhor, Ayiti, que quer dizer ‘terra elevada’, foi por milhares de anos uma Meca, território sagrado, lugar de carregos e descarregos cósmicos para os povos taino, arawak, marien, magua, maguana, higuey, xaragua, ciboney, lokono, inwiti, lucumi, entre outros”, contextualiza.
A chegada dos europeus ao território, em 1492, deu início à “hecatombe da colonização”. “Entre as multitudinárias e contínuas revoltas por liberdade – Libète ou lanmò! – destes últimos 530 anos, destaca-se Bwa Kayiman, um congresso, conselho de guerra, encontro de dança e cerimónia vudu, múltiplo no espaço e no tempo, convocado por uma sacerdotisa africana”, que deu início à vitoriosa Revolução do Haiti, em 1791.
Uma revolução “que foi deliberadamente apagada do imaginário político daqueles que lutam por um mundo onde caibam muitos mundos”, sublinha o texto de curadoria. Esta exposição presta homenagem à história de resistência e à “riqueza cósmica” da ilha do Haiti.