Semana de Moda de Dacar regressa à floresta de embondeiros para promover a moda “inclusiva”
Com designers de toda o continente africano, a Semana da Moda de Dacar é uma das exposições de moda mais antigas de África.
Aos pés de um enorme embondeiro, nos arredores de Dacar, a capital do Senegal, as câmaras brilharam à luz do crepúsculo, este sábado, enquanto Najeebah Samuel, de 20 anos de idade, descia a passerelle sob um manto de aplausos.
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Aos pés de um enorme embondeiro, nos arredores de Dacar, a capital do Senegal, as câmaras brilharam à luz do crepúsculo, este sábado, enquanto Najeebah Samuel, de 20 anos de idade, descia a passerelle sob um manto de aplausos.
Nascida com paralisia cerebral, Najeebah foi a primeira de duas dúzias de modelos de todas as formas e tamanhos a desfilar na passerelle do 19.º evento anual da Semana da Moda de Dacar, realizado no fim-de-semana sob os temas da inclusão e da sustentabilidade.
“Quero provar a outras crianças deficientes que ‘não és a tua deficiência - és apenas tu'”, disse Najeebah, num vestido laranja e azul assinado por Adama Ndiaye, fundadora da Semana da Moda. “Tens de sair e mostrar às pessoas quem tu és.”
Forçados a respeitar as restrições de contenção a propósito da pandemia de covid-19 no ano passado, os organizadores desta edição optaram por realizar o evento ao ar livre e regressar à floresta de embondeiros para lembrar aos participantes a responsabilidade do mundo da moda de operar de uma forma sustentável.
A produção têxtil gera anualmente 1,2 mil milhões de toneladas de emissões de carbono, e se as taxas actuais se mantiverem, a indústria poderá ser responsável por mais de um quarto das emissões globais até 2050, segundo um estudo de 2015 da Fundação Ellen MacArthur.
Conhecida pela sua marca Adama Paris, Ndiaye, que também criou o primeiro desfile da Semana da Moda Negra na capital francesa, rotineiramente atribui temas progressivos ao evento de moda senegalês. Por exemplo, estabelece quotas mínimas elevadas para mulheres designers e, para promover a auto-aceitação, uma vez vedou o acesso a modelos que utilizam creme de despigmentação da pele. Este ano, escolheu a inclusividade como um dos temas para contrastar os padrões de beleza frequentemente rígidos da moda ocidental.
“Não quero viver com a moda como nos manda o padrão europeu”, disse Ndiaye. “Quero mulheres que representam tantas coisas diferentes, mais do que apenas corpos.”