Sara criou uma ferramenta que diz a probabilidade de uma fotografia ter sido manipulada online
Aluna da Universidade do Porto desenvolveu uma ferramenta que detecta a probabilidade uma fotografia ter sido manipulada. O projecto foi distinguido em fórum internacional de segurança digital.
Sara Ferreira desenvolveu uma ferramenta informática que mostra, em percentagem, a probabilidade de uma fotografia ter sido manipulada. Este projecto, designado como módulo, é um complemento ao programa Autopsy, direccionado para investigadores que tratam da análise de evidência digital para a resolução de cibercrimes.
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Sara Ferreira desenvolveu uma ferramenta informática que mostra, em percentagem, a probabilidade de uma fotografia ter sido manipulada. Este projecto, designado como módulo, é um complemento ao programa Autopsy, direccionado para investigadores que tratam da análise de evidência digital para a resolução de cibercrimes.
O sucesso deste trabalho acabou por ser reconhecido internacionalmente com o segundo lugar no evento anual Open Source Digital Forensics Conference (OSDFCon), que reúne programadores e utilizadores das comunidades forenses digitais com o intuito de partilhar ideias e conhecimentos na área. Para a investigadora de 22 anos, natural da Trofa, no Porto, “é incrível ver Portugal representado no pódio de uma conferência com grande renome na área da análise forense digital”.
A ideia deste projecto é, conta, “ajudar na resolução de qualquer cibercrime que envolva imagens manipuladas”. Quando alguém pretende fazer-se “passar por outra pessoa para obter informação sensível de uma vítima”, explica, “normalmente cria um perfil falso com uma cara que pode não existir (deepfake), ou, até para denegrir a imagem da vítima, é colocada a cara da mesma em fotos fora do contexto, de cariz sexual”. Nestes tipos de casos, são realizadas cópias digitais dos dispositivos do suspeito, posteriormente inseridas no Autopsy, que, após seleccionado o módulo, identifica automaticamente “se o indivíduo tem esse tipo de fotos manipuladas nos seus dispositivos, reduzindo o tempo de conclusão de um caso de cibercrime”.
Normalmente, os números apontam uma probabilidade bastante baixa ou alta, e raramente a meio termo. Sara explica que tal “nunca aconteceu, mas, se acontecesse, diria que há sim uma forte possibilidade de a imagem ter sido manipulada”. O processo de utilização destas ferramentas é simples, mas “é necessário um conhecimento básico de análise forense digital para se saber o que se está a fazer”, afirma ao P3.
A criação tecnológica nasceu durante o mestrado em Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, com o apoio dos professores e orientadores Mário Antunes e Manuel Correia e do departamento de Ciências dos Computadores. Hoje, Sara trabalha em segurança de informação, onde exerce “análise de vulnerabilidades e da segurança na cloud” e dá ainda apoio a estudantes que estejam a desenvolver dissertações semelhantes.
Durante o processo de construção do módulo, a equipa não teve a oportunidade de o aplicar a um caso real devido à confidencialidade do material, mas esse será o próximo passo para a jovem investigadora, que ambiciona, no futuro, actuar na área da “análise forense digital, em conjunto com a polícia judiciária”.
Texto editado por Ana Maria Henriques