Chegou o dia da defesa de Ghislaine Maxwell revelar as cartas na manga
O julgamento da socialite britânica, acusada de oito crimes, incluindo tráfico sexual de menores, continua esta quinta-feira, após uma pausa de três dias úteis.
A defesa de Ghislaine Maxwell está preparada para começar a apresentar o seu caso no julgamento de abuso sexual da socialite britânica, nesta quinta-feira, depois de o júri ter ouvido o testemunho de quatro mulheres que disseram que a ex-namorada do magnata as preparou para os abusos cometidos por Jeffrey Epstein quando eram adolescentes.
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A defesa de Ghislaine Maxwell está preparada para começar a apresentar o seu caso no julgamento de abuso sexual da socialite britânica, nesta quinta-feira, depois de o júri ter ouvido o testemunho de quatro mulheres que disseram que a ex-namorada do magnata as preparou para os abusos cometidos por Jeffrey Epstein quando eram adolescentes.
Ghislaine Maxwell, de 59 anos, declarou-se inocente de oito acusações de tráfico sexual e outros crimes e os seus advogados argumentam que ela está a ser bode expiatório da conduta do falecido financeiro Epstein, que não foi possível condenar. Epstein suicidou-se em 2019 numa cela da prisão de Manhattan, enquanto aguardava julgamento por abuso sexual.
Na apresentação da defesa, que deverá durar dois a quatro dias, é provável que os advogados de Maxwell continuem a tentar minar a credibilidade das mulheres que apontaram o dedo à sua cliente, argumentando que já se passou demasiado tempo para que a memória não tenha sofrido alterações e que qualquer uma delas tem como objectivo aproveitar-se do assunto para ganhar dinheiro. Já a teoria de bode expiatório é provável que fique na gaveta, segundo alguns especialistas, já que os testemunhos ouvidos nas duas primeiras semanas puseram Ghislaine Maxwell no centro dos abusos cometidos.
Segundo a Reuters, a defesa planeia ainda chamar a psicóloga Elizabeth Loftus, cuja área de investigação incide sobre a memória humana e sobre como esta pode ficar corrompida com o passar do tempo. A especialista, de 77 anos, não é uma novata nestas andanças: já testemunhou ou foi consultada em centenas de julgamentos, incluindo o de O.J. Simpson ou, mais recentemente, o de Harvey Weinstein.
“O mundo está cheio de pessoas que apoiam os acusadores”, disse Loftus ao Los Angeles Times. “Penso que as pessoas que são acusadas merecem também um pouco de apoio.” No entanto, as críticas à psicóloga cognitiva vão-se amontoando, uma vez que, se, por um lado, evita condenações erradas baseadas em relatos incorrectos de testemunhas oculares, o seu testemunho em casos de má conduta sexual “tende a ser unilateral e incompleto e tem o potencial de induzir em erro os jurados”.
Depois, é expectável que a defesa tente chamar os causídicos que ajudaram as mulheres a apresentar pedidos de indemnização ao Fundo de Compensação das Vítimas, gerido pelo património de Epstein, sob a ideia de as mulheres terem aceitado cooperar com os procuradores por pensarem que isso iria beneficiar as suas reivindicações civis. No entanto, na quarta-feira, o Ministério Público pediu à juíza Alison Nathan — que teve de suspender o julgamento os últimos três dias para assistir à sua audiência de confirmação no Senado dos EUA —, que não admita o testemunho dos advogados, citando o privilégio de sigilo entre advogado e cliente.
Nathan foi nomeada pelo Presidente Joe Biden para o 2.º Tribunal de Recurso dos EUA, sediado em Nova Iorque, mas informou que, antes de assumir esse cargo, terminará o julgamento de Ghislaine Maxwell.