Estatísticas de 2020 confirmam queda brutal dos consumos culturais no primeiro ano da pandemia
Quebras variam entre os 60 e os 85% nas áreas dos espectáculos ao vivo, dos cinemas e dos museus no ano em que as medidas de salvaguarda da saúde pública tiveram impactos significativos no sector cultural e criativo. Em contrapartida, a participação em actividades culturais através da Internet cresceu.
Já era um dado adquirido, mas os números divulgados esta manhã pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam-no em toda a linha: a chegada da pandemia provocou um abalo brutal nos hábitos de consumo cultural ao vivo em Portugal. “Em 2020, o número de sessões de espectáculos ao vivo reduziu-se em 59,6%; foram vendidos menos 76,8% de bilhetes; verificou-se um decréscimo de 85,1% no número de espectadores e de 80,1% nas receitas de bilheteira, a que correspondeu uma diminuição de 100,4 milhões de euros relativamente a 2019”, lê-se no resumo dos dados disponibilizados pelo INE no seu portal.
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Já era um dado adquirido, mas os números divulgados esta manhã pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmam-no em toda a linha: a chegada da pandemia provocou um abalo brutal nos hábitos de consumo cultural ao vivo em Portugal. “Em 2020, o número de sessões de espectáculos ao vivo reduziu-se em 59,6%; foram vendidos menos 76,8% de bilhetes; verificou-se um decréscimo de 85,1% no número de espectadores e de 80,1% nas receitas de bilheteira, a que correspondeu uma diminuição de 100,4 milhões de euros relativamente a 2019”, lê-se no resumo dos dados disponibilizados pelo INE no seu portal.
Em 2020, ano profundamente afectado pela pandemia de covid- 19 e em que muitas das instituições culturais estiveram prolongadamente fechadas ao público, os museus portugueses perderam 14,1 milhões de visitantes (menos 71% do que em 2019), dos quais 8,3 milhões (80,3%) corresponderam ao decréscimo no número de visitantes estrangeiros.
As salas de cinema contaram com 3,8 milhões de espectadores e 20,6 milhões de euros de receitas de bilheteira, a que corresponderam diminuições de 75,5% e de 75,3%, respectivamente, relativamente ao ano anterior.
Estes dados resultam de um conjunto de operações estatísticas realizadas pelo INE, como o Inquérito ao Emprego, o Índice de Preços no Consumidor, o Inquérito aos Museus, o Inquérito às Galerias de Arte e Outros Espaços de Exposições Temporárias, o Inquérito às Publicações Periódicas, o Inquérito aos Espectáculos ao Vivo e Inquérito ao Financiamento das Actividades Culturais, Criativas e Desportivas pelas Câmaras Municipais. Mas também são apoiados por outras fontes como a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) ou o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA).
Mais compras online
Em contrapartida, a participação em actividades culturais através da utilização da Internet “manteve, em 2020, a tendência de crescimento da série iniciada em 2016, com destaque em 2020 para o aumento da proporção da população que utilizou a Internet para ver televisão online (de 38,7%% para 43,4%)”. Estes dados foram obtidos pelo INE a partir do Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias.
Dos portugueses utilizadores de Internet que responderam ao inquérito do INE, 39,6% compraram em 2020 filmes e música (produtos físicos e digitais, assim como streaming) através de comércio electrónico. As encomendas aconteceram nos três meses anteriores à entrevista.
Menos concertos e idas ao teatro
Nos espectáculos ao vivo, fortemente impactados pelos confinamentos totais ou parciais impostos pelo Governo, as receitas diminuíram 100,4 milhões de euros e o número de espectadores decresceu 14,4 milhões, concluiu ainda o INE relativamente ao ano passado em que, anota o boletim, “os efeitos da pandemia e as consequentes medidas adoptadas para salvaguarda da saúde pública tiveram como se pode ver agora pelas estatísticas impactos significativos no sector cultural e criativo”.
Também o preço médio por bilhete vendido diminuiu 14,5%, passando de 20,8 euros, em 2019, para 17,8 euros em 2020. E os concertos de música pop/rock e o teatro foram as modalidades de espectáculos ao vivo em que o impacto da pandemia foi mais acentuado.
Em 2020, aconteceram 1104 concertos de pop/rock, com 222,1 mil espectadores, dos quais 111,7 mil corresponderam a entradas pagas, que originaram 1,9 milhões de euros de receitas de bilheteira. “Comparativamente ao ano anterior, realizaram-se menos 1222 sessões (-52,5%), com menos 4,6 milhões de espectadores (-95,4%) e menos 72,7 milhões de euros de receitas de bilheteira (-97,4%)”, lê-se no documento relativamente a um ano em que os festivais de música em Portugal foram cancelados ou adiados, tal como de resto viria a repetir-se em 2021.
No ano passado, registaram-se 6161 sessões de teatro, às quais assistiram 671,3 mil espectadores, tendo sido facturados 5,9 milhões de euros de receitas de bilheteira. Em relação a 2019, realizaram-se menos 7355 sessões (-54,4%), com menos 1,5 milhões de espectadores (-69,3%) e menos 7,6 milhões de euros de receitas de bilheteira (-56,4%), acrescenta ainda o INE.
Quanto à compra de livros, revistas e jornais (papel e digital, assim como subscrições online), foi realizada por 29,8% dos inquiridos no Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias, ao passo que a aquisição de bilhetes para eventos culturais e desportivos foi referida por 14,5% dos utilizadores de Internet.