OMS: casos da variante Delta estão a cair e Ómicron já tem transmissão comunitária

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças também alertou que a Ómicron representa um risco “muito elevado” e exige medidas “urgentes e fortes”.

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A prevalência da Ómicron em Portugal rondará actualmente os 10% DADO RUVIC/Reuters

A Organização Mundial da Saúde alertou esta quarta-feira que a percentagem de casos globais da variante Delta do coronavírus está a cair pela primeira vez desde Abril, enquanto a Ómicron continua a crescer e já está presente em surtos de transmissão comunitária. Também o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) considerou esta quarta-feira que a Ómicron representa um risco “muito elevado” e exige medidas “urgentes e fortes”, de modo a proteger os sistemas de saúde.

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A Organização Mundial da Saúde alertou esta quarta-feira que a percentagem de casos globais da variante Delta do coronavírus está a cair pela primeira vez desde Abril, enquanto a Ómicron continua a crescer e já está presente em surtos de transmissão comunitária. Também o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) considerou esta quarta-feira que a Ómicron representa um risco “muito elevado” e exige medidas “urgentes e fortes”, de modo a proteger os sistemas de saúde.

Esta terça-feira, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) tinha anunciado que a prevalência da Ómicron em Portugal rondará actualmente os 10% – o que quer dizer que representará cerca de 10% dos casos no país. Referiu assim que esta tendência observada nos últimos dias é “fortemente indicadora da existência de circulação comunitária da variante Ómicron” no país. Os dados para essa indicação provêm da estratégia de monitorização em tempo real de uma falha de detecção de um gene do coronavírus e é feita em colaboração com a Unilabs, a Cruz Vermelha Portuguesa e o Algarve Biomedical Center, que são laboratórios que usam o teste de diagnóstico que permite esta análise.

Já no seu relatório epidemiológico semanal agora divulgado, a OMS destaca que, embora a maioria dos casos da variante Ómicron identificados desde Novembro em mais de 70 países estejam relacionados com viagens, já existem fontes de contágio na comunidade.

No documento, a OMS destaca que a variante Delta, que em meados do ano já era a dominante no mundo e antes da Ómicron chegou a atingir 99,8% dos casos sequenciados, caiu para 99,2% na última medição realizada pela rede global na base de dados GISAID, que colabora com a organização. Dos 879.000 casos sequenciados em laboratório pela rede nos últimos 60 dias, a grande maioria (872.000) ainda era da variante Delta, mas a Ómicron já representava 3755 casos (0,4%), quando há uma semana essa percentagem era de 0,1 %, indicando rápida progressão.

As provas actuais, acrescenta o relatório, parecem indicar que a variante Ómicron tem vantagens evolutivas sobre a Delta quando se trata da transmissão e que o faz mais rápido. Tal situação foi observada não apenas em países com incidência relativamente baixa de casos Delta, como a África do Sul, o primeiro país onde a nova variante foi detectada, mas também noutros onde a Delta estava em níveis elevados, como o Reino Unido, acrescenta a OMS.

Na sua análise à Ómicron, a OMS reitera que a variante parece afectar a eficácia das vacinas contra a infecção e transmissão, aumentando também o risco de reinfecção. Estudos preliminares independentes da OMS mostraram que a Ómicron reduz a protecção contra a reinfecção de quatro das principais vacinas contra a covid-19, aquelas produzidas pela Pfizer-BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Johnson & Johnson (Janssen).

No entanto, a variante não parece afectar a eficácia dos testes de PCR para detecção do vírus, o que pode ajudar a monitorizar a sua evolução – como aconteceu em países como a África do Sul e está agora a acontecer em Portugal. Os tratamentos contra casos graves ou críticos de covid-19 “devem continuar a ser eficazes” contra a Ómicron, indica a OMS.

Deverá suceder à Delta

Já numa avaliação de risco actualizada esta quarta-feira pelo ECDC, aponta-se que a Ómicron deverá suceder à Delta como a variante dominante na União Europeia (UE) no início de 2022, até porque já se assiste a transmissão comunitária dentro da Europa, e sublinha que os dados preliminares disponíveis não descartam “uma redução significativa da eficácia das vacinas” contra esta linhagem.

Desse modo, e porque os países da UE ainda enfrentam o impacto grave da vaga da variante Delta, “um novo aumento das hospitalizações poderá rapidamente sobrecarregar os sistemas de saúde”, pelo que o ECDC considera que o risco do impacto da sua propagação é “muito elevado”.

“Com base nas provas limitadas actualmente disponíveis, e dado o elevado nível de incerteza, o nível global de risco para a saúde pública associado à emergência e propagação da variante Ómicron é avaliado como muito elevado”, assume então o centro europeu, que recomenda uma “acção urgente e forte” para reduzir a transmissão do vírus, “a fim de aliviar a já pesada carga sobre os sistemas de saúde e proteger os mais vulneráveis nos próximos meses”.

Segundo o ECDC, é necessária “uma rápida reintrodução e reforço das intervenções não farmacológicas” para reduzir a transmissão da variante Delta em curso e retardar a propagação da variante Ómicron, mantendo sob controlo a carga sobre os cuidados de saúde.