G7: “Todas as possibilidades de sanções” em cima da mesa caso Rússia ataque a Ucrânia

Secretário de Estado dos EUA diz que “é muito difícil imaginar gás a passar pelo Nord Stream 2” caso haja uma invasão.

Foto
A ministra dos Negócios Estrangeiros dos EUA, Liz Truss, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken Reuters/POOL

A Rússia enfrentará enormes consequências económicas e um custo alto se decidir invadir a Ucrânia, disse a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros no dia de encerramento da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 neste domingo em Liverpool, que terminou com um forte aviso à Rússia – e também à China e ao Irão.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Rússia enfrentará enormes consequências económicas e um custo alto se decidir invadir a Ucrânia, disse a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros no dia de encerramento da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 neste domingo em Liverpool, que terminou com um forte aviso à Rússia – e também à China e ao Irão.

A ministra Liz Truss deu ainda a entender que se a Rússia tomar a decisão de invadir a Ucrânia, o Reino Unido poderia rever a sua legislação contra a lavagem de dinheiro, que é vista por muitos como um meio de elites russas guardarem o seu dinheiro, diz o jornalista especializado em diplomacia Patrick Wintour no Guardian.

No jornal The Observer, há relatos que que além da deslocação de um grande número de tropas para perto da sua fronteira com a Ucrânia, a Rússia está ainda a fazer chegar mísseis terra-ar Buk-M1 – o mesmo sistema do míssil que, em 2014, atingiu um avião da Malaysia Airlines, fazendo 298 mortos.

Ninguém faz ideia se o Presidente russo, Vladimir Putin, está a usar esta deslocação para pressionar para o objectivo de impedir a expansão da NATO a Leste, ou se planeia, de facto, uma acção militar. O Kremlin disse este domingo que Putin se queixou ao Presidente dos EUA, Joe Biden, que está a ser acusado apenas por movimentações de tropas dentro do seu território. Putin terá ainda dito a Biden que gostaria de um encontro presencial.

Em Liverpool, todos os representantes dos Negócios Estrangeiros do G7 – Reino Unido, EUA, Canadá, Alemanha, França, Itália, Japão e a União Europeia que participa como organização supranacional (e por isso não conta para o número de países) – foram claros na necessidade de mandar o sinal mais forte possível a Putin para o caso de uma invasão.

À margem do encontro, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse ainda que “seria difícil imaginar” o gasoduto Nord Stream 2, entre a Rússia e a Alemanha, a funcionar em caso de uma agressão russa à Ucrânia.

“O gasoduto não tem nenhum gás a passar de momento. E isso é uma fonte de pressão sobre a Rússia na medida em que Putin quer ver o gás a passar no gasoduto – se e quando ficar operacional – e é muito pouco provável, ou é difícil de imaginar, isso a acontecer se ele renovar a sua agressão na Ucrânia”, disse o responsável americano. Os Estados Unidos gostariam de ouvir uma declaração mais directa neste sentido da Alemanha, mas o novo Governo de Berlim ainda não fez uma afirmação definitiva sobre a questão.

De visita a Varsóvia, o chanceler alemão, Olaf Scholz, foi evasivo quando questionado pelos jornalistas sobre a questão. A Polónia é um dos países mais preocupados pelo gasoduto ser um meio de “chantagem” da Rússia, como disse o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, ao lado de Scholz.

A Rússia ocupou parte das conversas do G7 por ser o desafio mais próximo, mas a agência Reuters diz que a China foi também um tema importante com discussões “muito intensas”. O G7 – que junta 50% do PIB global – não quer ser visto como um “clube anti-Pequim”, mas preocupa-se com a ascensão da China que é, de momento, a segunda maior economia do mundo, e com as suas acções de retaliação económica, como aconteceu recentemente com a Lituânia, depois de o país receber uma representação diplomática de Taiwan.

Vários países do G7 já se decidiram por um boicote político aos Jogos Olímpicos de Inverno, como os EUA, o Reino Unido e o Canadá (a China diz que irá retaliar). Japão e Alemanha não decidiram, e Itália é céptica.

Finalmente, quanto ao Irão, os responsáveis discutiram sobre o que acham que é o grau de seriedade iraniano nas negociações – diplomatas europeus têm acusado o país de um comportamento de quem não quer, de facto, chegar a um acordo. As negociações que decorrem em Viena “são a última hipótese”, disse Truss.