Novas variantes, autocuidado e cuidado colectivo
É simplesmente cuidar de si. Mas autocuidado é também aceitar os vários sentimentos, positivos e negativos, e pedir ajuda sempre que for preciso.
As crises trazem mudança e com a pandemia não foi diferente. Quanto às mudanças positivas, obrigou-nos a reflectir sobre aspectos individuais e colectivos que precisávamos modificar, desde a necessidade de aumentar alguns cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos com mais frequência, até ao reconhecimento de que precisamos investir mais na nossa saúde mental.
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As crises trazem mudança e com a pandemia não foi diferente. Quanto às mudanças positivas, obrigou-nos a reflectir sobre aspectos individuais e colectivos que precisávamos modificar, desde a necessidade de aumentar alguns cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos com mais frequência, até ao reconhecimento de que precisamos investir mais na nossa saúde mental.
Parte essencial desta mudança foi o desenvolvimento de um vocabulário emocional, que permitiu às pessoas compreenderem e reconhecerem as suas emoções e as dos outros, resultando, para alguns, na capacidade de regular mais facilmente as suas respostas emocionais e os seus comportamentos e de responder com sensibilidade aos outros e a si próprios.
O autocuidado passou a ter relevo e representa ter espaço para cuidar da saúde física e emocional, através de actividade física, de momentos de relaxamento e de prazer e também escolhas sobre a saúde. É simplesmente cuidar de si. Mas autocuidado é também aceitar os vários sentimentos, positivos e negativos, e pedir ajuda sempre que for preciso.
Neste momento em que precisamos voltar a cuidar de nós e dos outros para evitar novos contágios da covid-19, pode ser importante relembrar alguns momentos do ano passado e usá-las a nosso favor. Sim, se for preciso, devemos ir buscar, por breves momentos, algumas memórias da ansiedade, da incerteza e do medo, embora, sem lhes dar poder de modo a impedir que elas nos reprimam e travem o nosso discernimento e a nossa acção. Em alternativa, devemos usá-las como poder para promover melhores práticas de higiene e de protecção.
Do ponto de vista colectivo, temos todos uma vontade comum: queremos livrar-nos do vírus e estamos fartos de álcool gel, de máscaras e de regras que mudam de dia para dia. Perante esta nova variante, e aquelas que irão surgir no futuro, temos algumas vantagens, como a experiência do ano passado, o facto de a maioria de nós estar vacinada e a redução da mortalidade, o que representa muito.
Com a aproximação do Natal, os cuidados são essenciais para podermos estar com a nossa família. Ao invés de criticar as normas de protecção individual ou tentar fugir do pote de álcool-gel quando entra numa loja, é preciso colaborar e apelar educadamente à colaboração incentivando também os que nos rodeiam a não desistirem. A motivação para continuar deve vir da vontade de ter saúde e também da informação e do conhecimento, que já temos, sendo sempre necessário filtrar as notícias falsas e alarmantes que convidam ao desânimo.
Junto dos jovens, é importante sensibilizar para as boas práticas de protecção individual, sobretudo, porque alguns têm tido uma percepção de risco mais baixa do que o real e isso leva-os a adoptar mais comportamentos de risco e menos medidas de protecção. Em casa, relembre as medidas de protecção para evitar novos contágios.
Centre-se no problema, que é o vírus, não as medidas de protecção. Se aceitar o presente, sem estar preso ao passado ou como era antes do surgimento da covid-19, e pensar que cada um de nós pode contribuir para reduzir a sua força, será mais fácil criar motivação para enfrentá-lo. Em contrapartida, se encararmos as medidas de protecção como o problema estaremos a ir contra aquilo que é protector para nós e em consequência, contra nós próprios.
Apesar de esta ser uma situação desagradável para todos e que causa fadiga emocional, tensão e ansiedade, nunca é demais dizer que não estamos todos no mesmo barco. A pandemia destruiu a economia e muitas pessoas viram a sua vida virada do avesso no que toca à estabilidade emocional e financeira. Deste modo, a motivação colectiva deve ser proteger para podermos continuar a trabalhar e a ter saúde mental. Há pessoas a sofrer mais do que outras, cujas condições de vida se deterioraram e continuam incertas. Procure ajudar quem precisa e está próximo de si, seja através da doação de alimentos e de roupas, ou através da sua atenção para escutar e tentar facilitar alguma mudança positiva na vida daquela pessoa ou família.
Temos de perceber que tomar medidas para evitar o contágio é o nosso poder, só assim poderemos continuar a escrever a nossa vida sem sermos vítimas eternas do vírus.