Um Tchékhov em lume brando
Tiago Rodrigues propõe uma versão clara e plácida para a peça terminal de Tchékhov, mas, aos poucos, é como se a peça perdesse energia, arrastando-se até ao final numa serenidade contraditória com a turbulência dos acontecimentos em cena.
É grande a festança que celebra o regresso de Liubov Andréievna. Músicos à frente, anunciando a proprietária e o seu séquito de familiares, abrindo alas entre criados e, digamos, amigos com interesse. Um bosque de lustres inundando o palco. Enfim, muito barulho, muita comoção, muita memória aflorando em turbilhão, muita alegria… A bem dizer, para nada, pois o motivo do retorno, muito mais do que as saudades após cinco anos de ausência, é a falência da protagonista e a necessidade de vender a propriedade.
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É grande a festança que celebra o regresso de Liubov Andréievna. Músicos à frente, anunciando a proprietária e o seu séquito de familiares, abrindo alas entre criados e, digamos, amigos com interesse. Um bosque de lustres inundando o palco. Enfim, muito barulho, muita comoção, muita memória aflorando em turbilhão, muita alegria… A bem dizer, para nada, pois o motivo do retorno, muito mais do que as saudades após cinco anos de ausência, é a falência da protagonista e a necessidade de vender a propriedade.