Portugal entre os países que pedem uma investigação às mortes de ex-membros das forças de segurança pelos taliban
Denúncia da HRW e outras organizações levou à emissão de um comunicado conjunto assinado pela União Europeia e por 21 países, incluindo EUA e Reino Unido.
A União Europeia e uma vintena de países, entre eles, Portugal, emitiram um comunicado pedindo uma investigação às mortes e desaparecimentos de antigos membros das forças de segurança afegãs desde que os taliban assumiram o poder no Afeganistão em Agosto.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A União Europeia e uma vintena de países, entre eles, Portugal, emitiram um comunicado pedindo uma investigação às mortes e desaparecimentos de antigos membros das forças de segurança afegãs desde que os taliban assumiram o poder no Afeganistão em Agosto.
O comunicado conjunto, difundido durante o fim-de-semana pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, e que está assinado pela UE e por 21 países, incluindo Alemanha, França, Estados Unidos e Austrália, diz que os relatos de abusos de direitos humanos feitos pela Human Rights Watch (HRW) e outras organizações devem ser investigados imediatamente.
“Sublinhamos que as alegadas acções constituem graves abusos de direitos humanos e contradizem a amnistia anunciada pelos taliban”, diz o comunicado, citado pela Reuters. “Os casos relatados devem ser investigados imediatamente e de forma transparente, os responsáveis devem ser responsabilizados e estes passos devem ser claramente divulgados como forma de dissuadir rapidamente mais assassínios e desaparecimentos.”
O porta-voz do Ministério do Interior, Sayed Khosti, negou as acusações, afirmando que não foi apresentada nenhuma prova.
“Se há alguma prova, deve ser partilhada connosco”, disse, numa declaração em vídeo que refere a amnistia geral anunciada pelo Governo taliban. “Tivemos alguns casos individuais de mortes de ex-membros do governo, mas estas deveram-se a inimizades privadas e prendemos os envolvidos”, acrescentou, citado pela mesma agência.
Para Sayed Khosti, estas acusações “não têm nada a ver com justiça, são calúnias contra o Estado Islâmico do Afeganistão”.
Segundo a HRW, num relatório divulgado no dia 30 de Novembro, as forças taliban executaram ou fizeram desaparecer de forma forçada mais de 100 agentes dos serviços de inteligência e da polícia desde que assumiram o controlo do país, a 15 de Agosto.
Numa primeira reacção, o Ministério do Interior rejeitou as acusações, mas afiançou que estaria disposto a prender qualquer pessoa contra a qual existissem provas de terem exercido violência contra ex-militares do anterior governo.
Estando a enfrentar uma grave crise económica depois da paragem abrupta da ajuda internacional, com mais de metade da população em risco de fome durante o Inverno, o Governo afegão tem vindo a pedir apoio internacional para evitar um desastre humanitário no país.