As reacções dos partidos à demissão de Eduardo Cabrita

CDS classifica o percurso político de Eduardo Cabrita como “um acidente”. IL diz que a demissão “está ao nível daquilo que foi um péssimo ministro”. PAN diz que demissão “peca por tardia”.

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Eduardo Cabrita esta sexta-feira, na conferência de imprensa em que anunciou a demissão António COTRIM/LUsa

O vice-presidente do CDS-PP Paulo Duarte classificou o percurso político de Eduardo Cabrita como “um acidente”, mas responsabilizou o primeiro-ministro por ter deixado o titular da Administração Interna permanecer no Governo.

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O vice-presidente do CDS-PP Paulo Duarte classificou o percurso político de Eduardo Cabrita como “um acidente”, mas responsabilizou o primeiro-ministro por ter deixado o titular da Administração Interna permanecer no Governo.

“A forma como este ministro sai, o percurso deste ministro, é também ele um acidente”, comentou Paulo Duarte, em declarações à SIC Notícias sobre a demissão de Cabrita. “O principal responsável é o primeiro-ministro, que de forma displicente se limita a aceitar a demissão” e a “ser um espectador”, deixando “um ministro em funções que não tinha condições para o ser”

“O CDS não esquece que há uma família que está em sofrimento e que tem de ser indemnizado o quanto antes, uma família que está a sofrer. Para o CDS, a questão essencial é a família”, declarou.

IL: demissão ao nível da actuação como ministro

O presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, considerou que a demissão “está ao nível daquilo que foi um péssimo ministro” da Administração Interna.

“Eduardo Cabrita consegue esticar até aos limites do admissível e até do bizarro em política”, argumentou o deputado liberal, em declarações à SIC Notícias, recordando que, no caso do atropelamento mortal de um trabalhador da auto-estrada A6, em Junho deste ano, o ministro disse que “era apenas um passageiro”

A IL anda “há meses a pedir a demissão” de Cabrita, após “o atropelamento fatal de Nuno Santos”, sublinhou Cotrim de Figueiredo, questionando ainda se a demissão tem como objectivo proteger o primeiro-ministro.

“Porque é que agora é que a demissão é aceite? Só para proteger o primeiro-ministro, a dois meses de eleições?”, questionou o líder da Iniciativa Liberal.

PAN: demissão “peca por tardia”

A porta-voz do PAN considerou esta sexta-feira que a demissão do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, “peca por tardia” e lamentou que “só seja assumida para não prejudicar o Governo no acto eleitoral” de 30 de Janeiro.

“É uma demissão que peca por tardia. E mais, lamentamos profundamente que só seja assumida para não prejudicar o Governo no ato eleitoral [legislativas de 30 de Janeiro]”, defendeu Inês Sousa Real, numa mensagem em vídeo enviada à imprensa.

A líder do PAN disse ainda esperar que o primeiro-ministro, António Costa, “assuma outro tipo de responsabilidades políticas”, deixando “claro que todos os membros do Governo devem pugnar pela responsabilidade no exercício das suas funções, nomeadamente neste tipo de circunstâncias”.

“Teremos em breve eleições e é importante que este escrutínio, que a escolha dos membros do Governo para um futuro, se paute por outro tipo de responsabilização que até aqui não vimos por parte de alguns governantes de António Costa”, rematou.

PCP diz que saída era “inevitável"

Por sua vez, o PCP considerou a demissão “inevitável" face à “acumulação de casos envolvendo a actuação” daquele ministério, que tornaram “insustentável” a continuidade de Eduardo Cabrita. Em declarações na sequência da demissão do ministro da Administração Interna, o deputado do PCP referiu ainda que a “avaliação global” do seu partido ao Governo “não se prende com acontecimentos avulsos”. Mas assinalou que a “apreciação global” é que “não está a haver a resposta que se impunha aos maiores problemas que o país enfrenta”.

“A avaliação que fazemos da política do Governo não se prende a um caso ou outro, ou mesma à actuação avulsa de qualquer ministro. Há uma avaliação global que fazemos que tem a ver com a resposta que é dada aos problemas”, sustentou. Para António Filipe no caso concreto do ministro da Administração Interna houve um “acumular de situações que tornou inevitável a sua demissão”.