Agências de viagens foram o “sector mais devastado” no segmento turístico
Ministro da Economia Pedro Siza Vieira defendeu hoje que o segmento foi o que “mais impacto negativo teve dentro do sector turístico”
O ministro de Estado e da Economia disse esta sexta-feira que as agências de viagens foram o sector mais devastado no segmento turístico, admitindo que possam vir a existir alguns apoios mais específicos dirigidos a situações “muito críticas”.
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O ministro de Estado e da Economia disse esta sexta-feira que as agências de viagens foram o sector mais devastado no segmento turístico, admitindo que possam vir a existir alguns apoios mais específicos dirigidos a situações “muito críticas”.
“Dentro do segmento turístico o sector mais devastado foi mesmo o das agências de viagens. Foi mesmo o segmento que mais impacto negativo teve dentro do sector turístico”, disse Pedro Siza Vieira no 46.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que termina hoje.
O ministro começava assim a responder aos alertas das agências de viagens e do restante sector sobre a necessidade de se manterem os apoios. “Já tomámos a decisão de manter em vigor o apoio à retoma progressiva - agora que vamos passar pela época baixa acho que se justifica manter isso, é mais um esforço”, disse o governante, acrescentando que, tal como diz o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, não se vai ‘morrer na praia’.
Sobre novos apoios, Siza Vieira diz não terem previsto novas formas de apoiar, mas admite que se possa “ter alguns apoios mais específicos dirigidos aqui (agências) a coisas muito críticas”.
“Creio que nesta altura já estamos a ter, apesar de tudo, alguma recuperação de procura. Já não estamos numa situação em que pura e simplesmente não temos clientes e, portanto, tínhamos que ajudar as empresas a manterem-se em modo de hibernação. Agora já temos alguma actividade que resulta do lado da procura. Para mim o mais importante é ajudar as empresas a reconstituírem os seus balanços”, acrescentou.
“Ou seja, mais do que propriamente estar a dar apoios a fundo perdido para não fechar totalmente a porta – foi isto que se passou, os hotéis meteram as pessoas em casa no layoff, cortaram os contratos de água, etc., mantiveram-se fechados e tiveram um apoio para se manterem em modo de hibernação e poderem reabrir. As agências de viagens tinham mais dificuldade porque, apesar de tudo, tinham que lidar com reclamações. Acho que a situação agora já não é tanto ter um apoio em modo de hibernação, mas é ajudar à reconstituição do balanço de empresas que ficaram muito degradadas por esta situação”, explicou.
O ministro diz que o que lhe parece mais adequado é dar um apoio à amortização de dívida às micro e pequenas empresas, ideia que já anunciou, mas que sido difícil colocar no terreno. Ainda assim, disse acreditar que se está mais próximo de vir a acontecer.
“Aquilo que tenho pensado é um programa em que por cada euro que o empresário meta para reduzir dívida, o Estado meta um euro. Isto dirigido às empresas mais devastadas pela crise, como muitas agências de viagens, pode ajudar no sentido em que estamos a fazer um esforço de redução de endividamento, redução de passivo, estamos a fazer uma entrada de fundos para duplicar esse esforço e, se for dirigida às empresas mais impactadas por esta crise, pode ter um efeito grande”, referiu.
Ideia, então, dirigida às micro e pequenas empresas que “tiveram um maior impacto desta crise” e que espera “poder colocar no terreno dentro de algum tempo”. “Eu, ou um próximo Governo que exista”, disse ainda.
"Empresas estão ainda mais frágeis”, diz APAVT
Na quarta-feira, o presidente da APAVT considerou imprescindível que se mantenham os apoios à retoma, pelo menos, até à Páscoa, para que o setor e, assim, a recuperação do país, “não morram na praia”.
“É crítico que se reactive o programa apoiar.pt. A verdade é que o programa funcionou até abril de 2021, quando a crise se alongou até hoje, sendo que, hoje, as restrições à atividade económica e à mobilidade são tão absolutamente claras como o eram então. A diferença é que hoje é absolutamente visível que as empresas estão ainda mais frágeis, logo, muito mais necessitadas de apoio”, Pedro Costa Ferreira.
“O sector chega ao dia de hoje com razões para festejar e com motivos para exigir. Razões para festejar tanta capacidade de resistência, tanto sofrimento passado, tanto desafio vencido, nunca abandonando uma característica única que uniu e justificou tudo o resto, a vontade de servir o cliente, princípio e fim de toda a nossa actividade. Sabemos bem o que nos trouxe até aqui”, começou por dizer, elencando perdas “absolutamente violentas, destruição dos capitais próprios, e endividamento das empresas e dos empresários”, factos que, em sua opinião, representarão “pesada herança” nos próximos anos.
Pedro Costa Ferreira insistiu que “há muito tempo” que sector sabe que “os apoios foram insuficientes, frequentemente tardio o momento em que ocorreram, bem como, demasiadas vezes, foram difíceis os processos administrativos de acesso aos mesmos”. O responsável reforçou que será o turismo a “liderar a recuperação económica”, o que faz com que “cada euro gasto a apoiar as empresas será rapidamente pago, com juros”, ao país. Ainda assim, Pedro Costa Ferreira diz que é “mais do que justo” lembrar um conjunto de apoios que “foram absolutamente fundamentais, apesar de insuficientes”.
“É assim que o apoio à manutenção do emprego tem sido fundamental, assim como o apoiar.pt se revelou da maior importância, enquanto durou. Por outro lado, no caso concreto das agências de viagens, a derrogação temporária da directiva das viagens organizadas, que permitiu a gestão dos reembolsos, foi sem dúvida da maior relevância”, disse.