Covid-19: resposta imunitária a doses de reforço varia conforme a vacina
Estudo envolveu quase três mil pessoas que já tinham recebido as vacinas da AstraZeneca ou da Pfizer.
Um estudo envolvendo quase 3000 pessoas permitiu concluir que doses de reforço com seis tipos de vacina diferentes contra a covid-19 permitem aumentar a resposta imunitária, mas com grandes variações conforme as marcas: o aumento na produção de anticorpos depois da terceira dose foi muito maior para as pessoas que inicialmente tinham tomado a vacina da AstraZeneca, do que para as que tinham tomado a da Pfizer/BioNtech. E também varia de acordo com a marca da dose de reforço.
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Um estudo envolvendo quase 3000 pessoas permitiu concluir que doses de reforço com seis tipos de vacina diferentes contra a covid-19 permitem aumentar a resposta imunitária, mas com grandes variações conforme as marcas: o aumento na produção de anticorpos depois da terceira dose foi muito maior para as pessoas que inicialmente tinham tomado a vacina da AstraZeneca, do que para as que tinham tomado a da Pfizer/BioNtech. E também varia de acordo com a marca da dose de reforço.
Na investigação, publicada na quinta-feira na revista médica britânica The Lancet, analisou-se o impacto das doses de reforço em pessoas que tinham tomado duas doses da vacina Oxford/AstraZeneca, usada em mais de 180 países, ou da vacina da Pfizer/BioNtech, e concluiu-se que essas doses de reforço são “seguras e aumentam a resposta imunitária”. No entanto, não se concluiu que sejam mais eficazes em “protecção contra a infecção ou doença grave”.
“Os dados sobre efeitos secundários demonstram que as sete vacinas analisadas são seguras para utilização como terceiras doses, com níveis aceitáveis de efeitos inflamatórios secundários, como dor no local da inoculação, dores musculares e fadiga. Embora todas tenham aumentado a imunidade após duas doses de AstraZeneca, só a AstraZeneca, Pfizer-BioNtech, Moderna, Novavax, Janssen e Curevac conseguiram o mesmo após duas doses de Pfizer-BioNtech”, afirmou o investigador Saul Faust, do hospital universitário de Southampton, no Reino Unido.
Como ponto de partida, reconhece-se que a eficácia destas vacinas diminui ao longo do tempo. As terceiras doses foram administradas aos participantes no estudo dez a 12 semanas após terem recebido a segunda dose de vacina.
Os aumentos na produção de anticorpos contra a proteína que o vírus SARS-CoV-2 usa para penetrar nas células variaram entre 1,8 vezes a 32,3 no caso das pessoas que tomaram duas doses de AstraZeneca e 1,3 a 11,5 vezes nas pessoas inoculadas com Pfizer/BioNtech, com “respostas significativas” no aumento de linfócitos T (células imunitárias) em várias combinações.
“É importante notar que os resultados só se referem ao uso destas vacinas como reforço da vacinação primária e a resposta imunitária conseguida até 28 dias depois. Será preciso mais investigação três meses e um ano depois das doses de reforço, o que fornecerá dados sobre o impacto na protecção a longo prazo e na memória imunitária. Também estamos a estudar o efeito de duas das vacinas em pessoas que tomaram uma dose de reforço após sete a oito meses, mas os resultados só estarão disponíveis para o ano”, acrescentou.
Participaram no estudo 2878 pessoas com 30 anos ou mais de idade. Mais de 900 reportaram no total mais de mil efeitos adversos para além dos mais comuns (fadiga, dores de cabeça e dor no local da injecção), 24 dos quais graves.