Faz delete é um estudo sobre violência sexual online (e quer saber o que tens a dizer)
A Rede de Jovens para a Igualdade lançou um inquérito online para conhecer as experiências de mulheres com a partilha não consentida de imagens de cariz sexual. O estudo terá também entrevistas feitas por uma investigadora que defende que esta é uma forma de violência sexual ainda “muito secundarizada”.
É um diagnóstico de um problema que se replica online, com consequências fora do ecrã, mas “do qual pouco mais se sabe”. Por isso, a investigadora Maria João Faustino quer entrevistar jovens mulheres que “tenham tido experiências de violência sexual baseada em imagens”.
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É um diagnóstico de um problema que se replica online, com consequências fora do ecrã, mas “do qual pouco mais se sabe”. Por isso, a investigadora Maria João Faustino quer entrevistar jovens mulheres que “tenham tido experiências de violência sexual baseada em imagens”.
Muitas vezes chamada “pornografia de vingança” ou “pornografia não-consentida”, a distribuição de vídeos, imagens ou mensagens explícitas ou íntimas sem consentimento é crime em Portugal e encaixa melhor numa forma de “violência sexual online, ou de abuso, como é chamada nos países anglo-saxónicos.
Os investigadores que estudam o fenómeno defendem que reduzir a partilha não consentida a “pornografia” tira a atenção do agressor e projecta-a na pessoa que viu a sua intimidade violada. Além disso, a vingança não é a única motivação que leva alguém a partilhar uma fotografia, vídeo ou mensagem de texto ou som com cariz sexual ou íntimo que lhe foi enviada com expectativas de privacidade.
“É uma violência muitas vezes secundarizada, que ainda carece de um tratamento muito rigoroso”, explica Maria João Faustino. “Já houve alguns passos para tentar dar resposta ao problema, mas ainda há muito por fazer a nível de políticas públicas, de conscientização, de campanhas de prevenção”, diz a doutoranda em Psicologia, que destaca o projecto-lei da deputada não-inscrita Cristina Rodrigues, em 2021, e uma petição lançada pela responsável pela conta de Instagram Corta Corrente, discutida na Assembleia da República também neste ano.
O estudo, que trabalhará depois na sensibilização e prevenção desta forma de violência, é parte do projecto Faz Delete, da Rede de Jovens para a Igualdade (associação Rede). É essa a razão principal para a limitação etária tanto das entrevistas como do questionário online, dirigido a mulheres entre os 18 e os 25 anos, residentes em Portugal, cuja identidade será protegida.
Além de um documento com recomendações dirigidas a agentes políticos, o Faz Delete planeia lançar uma campanha de prevenção feita por jovens e organizar workshops sobre o tema com associações.
O estudo tem como parceiras a Associação de Mulheres contra a Violência (AMCV) e a Associação Mulheres sem Fronteiras, é apoiado pelo programa Cidadãos Activos e estará em curso até ao final do ano. É possível contactar os responsáveis do projecto por email (fazdelete@redejovensigualdade.org.pt).