ECDC estima que a Ómicron cause mais de metade de infecções nos próximos meses
As provas actuais sobre a transmissibilidade, gravidade e fuga ao sistema imunitário são altamente incertas para a variante Ómicron, mas dados preliminares da África do Sul sugerem que pode ter uma vantagem substancial de crescimento sobre a Delta, refere o ECDC.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) estima que a variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19, pode ser responsável por “mais de metade de infecções” nos próximos meses, caracterizando-a como de risco elevado.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) estima que a variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19, pode ser responsável por “mais de metade de infecções” nos próximos meses, caracterizando-a como de risco elevado.
“As provas actuais sobre a transmissibilidade, gravidade e fuga ao sistema imunitário são altamente incertas para a variante de preocupação Ómicron, mas dados preliminares da África do Sul sugerem que pode ter uma vantagem substancial de crescimento sobre a variante Delta e, se for este o caso, a modelização matemática indica que se espera que a Ómicron cause mais de metade de todas as infecções por SARS-CoV-2 na UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu] dentro dos próximos meses”, indica o ECDC.
Num relatório divulgado esta quinta-feira, a agência europeia acrescenta que, “quanto maior for a vantagem de crescimento da Ómicron sobre a Delta e quanto maior for a sua circulação na UE/EEE, menor será o tempo esperado até que cause a maioria de todas as infecções” relacionadas com a covid-19. De momento, de acordo com dados do ECDC, existem 70 casos confirmados em 13 países da UE/EEE, a maioria dos quais com historial de viagens para países da África austral, tendo alguns efectuado voos de ligação para outros destinos entre África e a Europa. Acresce que “vários países europeus já comunicaram transmissões comunitárias ou domésticas subsequentes”, assinala o centro europeu, ressalvando porém que “todos os casos para os quais existe informação disponível sobre a gravidade foram assintomáticos ou ligeiros”, não existindo até à data casos graves ou mortes entre estes casos.
A nível mundial, existem 352 casos confirmados comunicados por 27 países, segundo as informações mais recentes. No relatório de avaliação de risco agora publicado, o ECDC conclui que “a presença de mutações múltiplas na proteína da espícula [responsável pela entrada do vírus nas células] na variante de preocupação Ómicron indica uma elevada probabilidade de redução da actividade neutralizadora por anticorpos induzidos por infecção ou vacinação”. Até porque “dados preliminares sugerem que a Ómicron pode estar associada a um risco acrescido de reinfecção na África do Sul”, assinala.
Salvaguardando que estes dados ainda são preliminares, o ECDC destaca a “incerteza relacionada com a eficácia das vacinas, risco de reinfecções e outras propriedades” desta nova estirpe. Certo é, para a agência europeia, que a probabilidade de uma maior introdução e propagação comunitária da Ómicron na Europa é alta. “Com base nas provas limitadas actualmente disponíveis, e considerando o elevado nível de incerteza, o nível global de risco para os países da UE/EEE associado à futura emergência e propagação da Ómicron é avaliado entre elevado a extremamente elevado”, precisa.
Quanto às medidas que os países europeus – sobre os quais recaem as competências na área da saúde – devem adoptar, o ECDC sugere uma “abordagem em várias camadas para atrasar a propagação”, que passa por “dar máxima prioridade à vacinação das pessoas [...] não vacinadas ou que ainda não estão totalmente vacinadas”, bem como por administrar “doses de reforço a “pessoas com 40 anos ou mais, visando primeiro os mais vulneráveis e os idosos, e depois a todos os adultos com 18 anos ou mais, pelo menos seis meses após a conclusão da série primária”. Acrescem medidas restritivas como rastreio de contactos, distanciamento físico, ventilação adequada, higiene das mãos e respiratórias e utilização adequada de máscaras faciais.