Mercadorias enviadas directamente da Irlanda para o resto da UE aumentam 50% em seis meses

Um valor significativo de tráfego de mercadorias deixou de passar pelas rotas tradicionais entre Dublin e o Reino Unido, optando por rotas de ferry que fazem ligação a portos da UE, de modo a contornar as regras de alfândega entre os dois países.

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Segundo o Irish Maritime Development Office, “o que está por trás destas tendências são as novas regras para o comércio e alfândegas entre a Irlanda e o Reino Unido que entraram em vigor a 1 de Janeiro de 2021” PASCAL ROSSIGNOL/Reuters

O volume de mercadorias enviadas em novas rotas de ferries da Irlanda directamente para o resto da União Europeia aumentaram em 50% nos últimos seis meses, uma vez que os exportadores têm vindo a evitar enviar as suas cargas pelo Reino Unido, de modo a contornar as regras comerciais impostas na sequência do “Brexit”, sugerem dados das autoridades irlandesas.

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O volume de mercadorias enviadas em novas rotas de ferries da Irlanda directamente para o resto da União Europeia aumentaram em 50% nos últimos seis meses, uma vez que os exportadores têm vindo a evitar enviar as suas cargas pelo Reino Unido, de modo a contornar as regras comerciais impostas na sequência do “Brexit”, sugerem dados das autoridades irlandesas.

Os números publicados pelo Irish Maritime Development Office (IMDO) mostram que um número significativo de tráfego de mercadorias não passou pelas rotas tradicionais entre Dublin e o Reino Unido, tendo optado por cerca de 32 novos serviços de ferries que fazem ligação a portos da UE – como Le Havre, Cherbourg e Dunkirk, em França, ou  Zeebrugge, na Bélgica.

Por outro lado, o relatório do IMDO revela que os volumes de cargas entre o porto de Dublin e Liverpool e Holyhead, em Anglesey, diminuíram 19% nos primeiros três semestres do ano em comparação com 2020, e houve uma redução de 30% nas duas rotas que partem de Rosslare (no Sudeste da Irlanda) até aos portos de Pembroke e Fishguard, no País de Gales.

“É óbvio que o novo acordo de comércio entre a Irlanda e o Reino Unido teve um efeito negativo significativo no tráfego de “ro-ro” [feito com navios que recebem carga dos transportadores rodoviários internacionais, os camiões podem entrar directamente no navio] entre os dois países”, lê-se no documento do IMDO.

“O que está por trás destas tendências são as novas regras para o comércio e alfândegas entre a Irlanda e o Reino Unido que entraram em vigor a 1 de Janeiro de 2021”, continuou, somando-se a isso o aumento dos serviços de ferries que ligam de forma directa a Irlanda com o resto da UE, nomeadamente com França.

“Um terço de todo o tráfego ‘ro-ro’ na República da Irlanda opera agora em rotas que seguem directamente até portos do bloco europeu, por oposição aos 16% registados em 2019”, continuou a entidade.

Para os segundo e terceiro quadrimestres deste ano, os dados indicam que o tráfego da Irlanda para a UE já aumentou 52%, comparando com o total registado em 2019, acrescentou o relatório.

Em simultâneo, as tendências também se fazem sentir nos portos da Irlanda do Norte, que passaram a registar volumes “máximos e sem precedentes” de mercadorias em 2021.