Inflação da zona euro atinge novo recorde em Novembro

Subida de 27,4% nos preços da energia coloca a taxa de inflação na zona euro em 4,9%, o valor mais alto da série de 25 anos deste indicador.

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Preços da energia voltaram a subir mais de 20% pelo segundo mês consecutivo Reuters/Max Rossi

A taxa de inflação na zona euro superou as expectativas de subida que já existiam nos mercados e disparou em Novembro para o nível mais alto alguma vez registado nos 25 anos desde que este indicador passou a ser calculado.

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A taxa de inflação na zona euro superou as expectativas de subida que já existiam nos mercados e disparou em Novembro para o nível mais alto alguma vez registado nos 25 anos desde que este indicador passou a ser calculado.

De acordo com a primeira estimativa publicada esta terça-feira pelo Eurostat, a variação dos preços na zona euro em comparação com igual período do ano passado cifrou-se, em Novembro, nos 4,9%. É não só uma subida face aos 4,1% registados em Outubro, como é um valor que supera os 4,5% previstos em média pelos analistas e passa a ser o resultado mais elevado registado na zona euro desde que o Eurostat passou a calcular este indicador, em 1996.

A inflação na zona euro tem vindo, à semelhança do que acontece noutros pontos do globo, a acelerar de forma marcada durante a segunda metade deste ano e a principal justificação está na evolução dos preços da energia. Para estes produtos, a variação homóloga dos preços atingiu agora os 27,4% (23,7% em Outubro). 

Os responsáveis do Banco Central Europeu (BCE) têm vindo a defender que a actual escalada da inflação será temporária e que começará a descer brevemente, voltando a níveis abaixo de 2% no decorrer de 2022. A justificação dada para esta convicção é que os factores por trás da recente subida – a subida dos preços dos combustíveis, o efeito do regresso da taxa de IVA na Alemanha ao seu valor normal e os constrangimentos nas cadeias de distribuição mundial – vão desaparecer progressivamente.

O risco para o BCE é que a actual subida de preços, pelo facto de estar a ser mais forte e mais prolongada do que aquilo que se esperava, possa vir a conduzir aos chamados efeitos de segunda ordem (como aumentos salariais mais fortes) e a um alastramento das pressões inflacionistas a bens e serviços para além dos produtos energéticos. A taxa de inflação excluindo os bens energéticos passou de 2% em Outubro para 2,5% em Novembro, revelou o Eurostat, num sinal de que a tendência de subida de preços está a fazer-se sentir nos mais variados sectores de actividade.

Este será o principal tema em discussão na reunião do conselho de governadores do BCE agendada para meados do mês de Dezembro, onde será decidida a forma como o banco central irá retirar as suas medidas de estímulo à economia nos próximos meses.

Também em termos geográficos, a subida da inflação é bastante generalizada. Os dados agora publicados mostram que, em Novembro, já não há qualquer país na zona euro com uma taxa de inflação inferior a 2%. 

Ainda assim, há diferenças consideráveis entre os diversos Estados-membros. Apesar da subida da taxa de inflação homóloga harmonizada de 1,8% em Outubro para 2,7% em Novembro, Portugal continua a ser o segundo país da zona euro com a variação de preços mais moderada, apenas acima de Malta, com 2,3%.

No pólo oposto, encontram-se os países bálticos, com a Lituânia a registar uma inflação homóloga de 9,3%, a Estónia de 8,4% e a Letónia de 7,4%.

A maior economia da zona euro, a Alemanha, também contribui decisivamente para a alta de preços, registando em Novembro uma taxa de inflação de 6%, a mais alta no país desde 1992. Em França, a taxa de inflação homóloga harmonizada está em 3,4%, em Itália nos 4% e em Espanha nos 5,6%.