Caraíbas ganham uma nova República com o adeus de Barbados à rainha

Ilha de 237 mil habitantes corta de vez o vínculo com a rainha de Inglaterra, continuando a integrar a Commonwealth: “Chegou o momento de deixar para trás o nosso passado colonial”.

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O príncipe Carlos conversa com Sandra Mason, a nova Presidente, à chegada a Barbados no domingo TOBY MELVILLE/Reuters

Barbados transforma-se às 00h desta terça-feira (04h em Portugal continental) na mais jovem República do planeta. Aos 55 anos de independência, assinalados precisamente neste dia, a pequena ilha de 237 mil habitantes na zona oriental das Caraíbas corta definitivamente as amarras com a antiga potência colonizadora, deixando de reconhecer a rainha Isabel II como chefe de Estado.

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Barbados transforma-se às 00h desta terça-feira (04h em Portugal continental) na mais jovem República do planeta. Aos 55 anos de independência, assinalados precisamente neste dia, a pequena ilha de 237 mil habitantes na zona oriental das Caraíbas corta definitivamente as amarras com a antiga potência colonizadora, deixando de reconhecer a rainha Isabel II como chefe de Estado.

É o culminar de um processo que começou o ano passado com a decisão de renunciar à monarquia. “Chegou o momento de deixar para trás o nosso passado colonial”, disse na altura a primeira-ministra Mia Mottley, a impulsionadora deste grande salto em frente do pequeno país caribenho. “É a nossa declaração definitiva de confiança em quem somos e no que somos capazes de lograr”.

Sandra Mason, a até agora governadora geral de Barbados, a representante da rainha na ilha, vai tornar-se na primeira Presidente da República. Caberá a ela o último discurso da noite de segunda-feira ainda como monarquia, antes de à meia-noite tomar posse como Presidente. O príncipe Carlos, que há muito usa a Pequena Inglaterra, como Barbados é conhecida, como cenário predilecto para a prática de pólo, estará presente nos festejos em Bridgetown. O herdeiro da coroa britânica e próximo líder da Commonwealth chegou à ilha no domingo.

A decisão de Mottley tem grande apoio na ilha, como se pôde ver no resultado das eleições do mês passado, em que Mason foi eleita com dois terços dos votos. No entanto, a oposição critica o facto de a primeira-ministra não ter sujeitado uma questão tão importante como a mudança constitucional a referendo e de não haver uma ideia clara sobre o que será a nova República.

“Estamos a avançar às cegas para algo porque Mia Mottley não confiou em nós, não nos disse em que tipo de República está a pensar”, disse Verla De Peiza, líder do Partido Democrático Trabalhista, citada pelo Washington Post.

Os colonizadores ingleses ocuparam a ilha em 1627 e ali criaram uma economia de plantação de açúcar usando escravos trazidos da África. A escravidão foi abolida em Barbados em 1834 e o país tornou-se totalmente independente em 1966, mantendo a rainha de Inglaterra como chefe de Estado.

A agora República de Barbados continuará a integrar a Commonwealth, a comunidade de nações instituída depois da desagregação do império britânico e da qual fazem parte agora 53 países, sendo que apenas dois não foram colónias britânicas, Moçambique e Ruanda.

Notícia corrigida no dia 30/11 às 8h25: Barbados não abandonou a Commonwealth