Candidata de esquerda consolida vantagem nas presidenciais das Honduras
Os dados oficiais indicam que a nova Presidente hondurenha será Xiomara Castro, mulher do ex-chefe de Estado Manuel Zelaya, deposto no golpe de 2009. Mas o conservador Nasry Asrufa também se proclamou vencedor.
Com uma vantagem de mais de 20 pontos percentuais, com 51,45% dos boletins de voto contados, tudo indica que a candidata de esquerda Xiomara Castro será a nova Presidente das Honduras. Apesar disso, o candidato do Partido Nacional, actualmente no poder, Nasry Asfrura, também se declarou vencedor. Antecipando uma viragem à esquerda, milhares de pessoas festejaram estes resultados provisórios nas ruas de Tegucigalpa.
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Com uma vantagem de mais de 20 pontos percentuais, com 51,45% dos boletins de voto contados, tudo indica que a candidata de esquerda Xiomara Castro será a nova Presidente das Honduras. Apesar disso, o candidato do Partido Nacional, actualmente no poder, Nasry Asfrura, também se declarou vencedor. Antecipando uma viragem à esquerda, milhares de pessoas festejaram estes resultados provisórios nas ruas de Tegucigalpa.
Com 29 mortes ligadas à violência pré-eleitoral, a ameaça de fraude e de tensões ainda paira sobre o processo eleitoral – a Comissão Eleitoral pediu aos candidatos e aos eleitores para esperarem pelos resultados finais numas eleições marcadas por uma elevada taxa de participação, acima dos 68%.
“Eles vão tentar provocar o povo. Sabemos que existe desespero, principalmente entre aqueles que governam há doze anos”, disse Castro, referindo-se ao golpe de Estado que afastou o seu marido, Manuel Zelaya, do poder, em 2009. Nas suas primeiras palavras aos apoiantes depois do voto, a candidata disse ter estendido “a mão ao resto dos partidos” e afirmou que com a sua vitória o povo pôs fim ao “autoritarismo”, anunciando uma reforma política para alcançar “uma democracia participativa e directa” (a sua velha promessa de uma Assembleia Constituinte) e a sua vontade de acabar com “a corrupção, o narcotráfico e os esquadrões da morte”.
Asfrura prometeu respeitar os resultados e pediu que não se derramasse “nem uma gota de sangue”.
As autoridades mobilizaram 42 mil soldados e polícias para garantir a segurança dos 5755 centros de voto e evitar potenciais distúrbios.
Na memória de muitos está o que aconteceu após as últimas eleições presidenciais, em 2017, quando 20 pessoas morreram durante protestos contra a reeleição de Juan Orlando Hernández, o actual Presidente: na noite das eleições, houve um apagão informático durante a contagem dos votos; quando os sistemas foram reactivados, Hernández liderava a contabilização por uma curta margem.
Para além de escolherem o próximo chefe de Estado, os hondurenhos foram ainda chamados a votar em legislativas e autárquicas, num país dirigido há mais de dez anos pelo Partido Nacional e por Hernández. A par da reeleição contestada, o chefe de Estado é suspeito pelos Estados Unidos de envolvimento no tráfico de droga – num julgamento em Nova Iorque várias testemunhas descreveram-no como um importante facilitar do tráfico no país.
Antecipando a viragem, o Partido Nacional endureceu o tom durante a campanha, chamando “comunista” a Castro, líder do Partido Liberdade e Refundação, e atacando as suas propostas para descriminalizar o aborto e legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em 2013, Hernández bateu Castro por uma curta margem, antes de desrespeitar a Constituição para se apresentar uma segunda vez a votos.