Já há uma plataforma que permite comparar os dados sobre habitação na Área Metropolitana de Lisboa

Se quer comprar, vender ou arrendar casa na Grande Lisboa e na Península de Setúbal, agora pode consultar a Lxhabidata para saber mais sobre o mercado imobiliário. A plataforma em permanente actualização reúne dados de diversas fontes.

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Lisboa é o concelho da AML com maior dinamismo em matéria de arrendamento DIOGO VENTURA / Público

A LXhabidata, uma nova base de dados de habitação da Área Metropolitana de Lisboa (AML), foi lançada nesta segunda-feira. A plataforma, concebida pelo Dinâmia'cet - Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território do Iscte, vai permitir comparar preços, compreender a dinâmica dos mercados e das políticas públicas e identificar tendências.

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A LXhabidata, uma nova base de dados de habitação da Área Metropolitana de Lisboa (AML), foi lançada nesta segunda-feira. A plataforma, concebida pelo Dinâmia'cet - Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território do Iscte, vai permitir comparar preços, compreender a dinâmica dos mercados e das políticas públicas e identificar tendências.

A plataforma, segundo Sandra Marques Pereira, uma das suas coordenadoras, tem quatro públicos-alvo: cidadãos que querem comprar, alugar ou vender um imóvel ou têm apenas “interesse cívico pelo tema da habitação”; agentes de políticas públicas que pretendem diagnosticar e monitorizar a evolução do sector habitacional; investigadores em áreas distintas, mas principalmente nas de habitação, imobiliário e cidade; e agentes do mercado de habitação, como promotores, arquitectos e mediadores.

Um dos dados mais impressionantes disponíveis na LXhabidata para a sua coordenadora é o relacionado com os novos contratos de arrendamento no concelho de Lisboa. No primeiro semestre de 2021 efectuaram-se 9.065 contratos (que representa 31% da AML), o maior número desde que há registos. 9% desses contratos foram efectivados na freguesia de Arroios, enquanto que, em contraponto, apenas 1% foram na Marvila.

A taxa de esforço no mercado de arrendamento, relativo ao peso das rendas no rendimento das famílias, é outra informação estatística que a equipa responsável por esta plataforma salienta. Segundo os dados mais recentes, relativos ao segundo semestre de 2019, todos os concelhos da AML registaram taxas de esforço superiores a 40%. Neste indicador destaca-se Lisboa: a renda mediana dos arrendamentos realizados nesse semestre corresponde a 80% do rendimento mediano das famílias do concelho em 2019.

Os diferentes indicadores na plataforma, maioritariamente organizados em séries cronológicas, são apresentados em mapas, tabelas e gráficos e distribuídos por oito categorias: mercado da habitação, construção/reabilitação, habitação pública, acesso à habitação, condições de habitabilidade, receitas autárquicas, alojamento local e Censos 2021, cujos dados estarão disponíveis assim que os resultados forem divulgados. Sandra Marques Pereira gostaria que no futuro fossem adicionados dados sobre Estratégias Locais de Habitação e fogos vazios à plataforma.

A ideia para o projecto surgiu depois da conferência internacional “Lisboa, que futuro?”, realizada em Abril de 2017 no Iscte, a qual foi coordenada por Sandra Marques Pereira. Durante a conferência foram abordados o boom do turismo e do alojamento local e a explosão do mercado imobiliário, um “fenómeno muito concentrado em Lisboa” e para o qual “não havia uma base de dados que facilitasse o acesso às diversas informações já existentes”, diz a investigadora.

A base de dados LXhabidata reúne dados de habitação relativos aos 18 concelhos da AML e respectivas freguesias de diversas fontes. Sandra Marques Pereira refere que a principal é o Instituto Nacional de Estatística (INE), mas também foram utilizadas outras como o Registo Nacional do Alojamento Local (RNAL), a Gebalis - Gestão do Arrendamento da Habitação Municipal de Lisboa e as autarquias.

A investigadora do Dinâmica'cet conta que uma das maiores dificuldades no início do projecto foi a “falta de financiamento”, um “problema transversal a toda a investigação”, pelo que durante algum tempo o trabalho da equipa “passou muito por voluntariado”. Adianta ainda que teriam “todo o interesse” em alargar a área geográfica da plataforma e traduzi-la para inglês, para que esta possa ter um maior alcance. No entanto, reforça a ideia de que “são precisos recursos para continuar a alimentar e melhorar a base de dados”.

A LXhabidata é um projecto do Dinâmica'cet – Iscte, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – FCT e pelo Iscte, desenvolvido por Sandra Marques Pereira e Madalena Matos (coordenadoras), Teresa Costa Pinto, Maria Assunção Gato e Marco Carreira.

Texto editado por Ana Fernandes