O mundo é outra vez de Messi, que afasta Ronaldo na luta pelo “trono”
A Bola de Ouro foi entregue ao jogador argentino pela sétima vez. Cristiano Ronaldo, que tem cinco, ficou fora do top 5 (pior classificação desde 2010) e não compareceu na gala de Paris.
Há quem diga que a Bola de Ouro deve ir para quem mais se destaca individualmente, sobretudo quando se trata de marcar golos, e quem defenda que o prémio deve ficar com quem mais colabora em títulos colectivos – afinal, é disso que se faz a competição.
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Há quem diga que a Bola de Ouro deve ir para quem mais se destaca individualmente, sobretudo quando se trata de marcar golos, e quem defenda que o prémio deve ficar com quem mais colabora em títulos colectivos – afinal, é disso que se faz a competição.
Nesta segunda-feira, no Théâtre du Chatelet, em Paris, a revista France Football voltou a pender para o lado dos títulos e entregou a Bola de Ouro a Lionel Messi, que é, em 2021, o melhor jogador do mundo.
O argentino, agora a “jogar em casa” no Chatelet de Paris, conquistou o galardão pela sétima vez, registo que permite ao jogador afastar-se de vez de Cristiano Ronaldo, que soma cinco conquistas. E o português, que ficou em sexto lugar, já não parece estar na fase da carreira em que conseguirá reverter esta diferença de dois troféus.
Voltando à luta pelo prémio, Messi, que conquistou títulos, bateu a concorrência de Robert Lewandowski, o tal que marcou golos. E o polaco vai para casa de “mãos a abanar”, tendo sido o grande prejudicado pela ausência de prémio em 2020 – a pandemia anulou a distinção, mas teria sido ele o vencedor quase unânime.
Para este ano, o despique entre o argentino e o polaco parecia resumir-se à eterna discussão golos versus títulos – a mesma que já extremou posições em anos anteriores, quer entre Messi e Ronaldo, quer mesmo nos anos em que venceram, por exemplo, Luka Modric (2018) ou Fabio Cannavaro (2006).
Além de ter conquistado a Taça do Rei e a distinção de “Pichichi” da Liga espanhola, Messi vai acabar este ano com a Copa América “no bolso”, levando, finalmente, a Argentina a um título – foi frente ao Brasil, em pleno Maracanã.
E, tal como há muito se pedia ao astro argentino, não o fez como actor secundário, mas como capitão, melhor jogador, melhor marcador, líder em assistências e, para compor o ramalhete, totalista na competição, estando em todos os minutos de todos os jogos. Desde aí, Messi deixou de ser o jogador que só rendia no Barcelona, falhando quando se tratava de conduzir a Argentina – até nisso Cristiano Ronaldo perdeu a vantagem que tinha para o argentino a nível de selecções.
Do outro lado, Lewandowski já não trazia a bagagem dos títulos que teria na cerimónia relativa a 2019/20. Neste ano, o polaco hasteava “apenas” as bandeiras da regularidade e dos golos – e foram muitos –, já que no capítulo das conquistas a Bundesliga teria sempre uma força menor para os 170 jornalistas votantes.
Também o Euro 2020 poderá ter influído negativamente na comparação, já que o desempenho da Polónia, em geral, e de Lewandowski, em particular, não passou do medíocre. E não ter ajudado a Polónia a evitar o play-off de acesso ao Mundial 2022 também não terá ajudado.
Num ano em que tanto Messi como Lewandowski foram goleadores no campeonato interno, mas ambos fracos colectiva e individualmente na Liga dos Campeões, o duo Copa América + Taça do Rei acabou por pesar mais do que a Bundesliga.
No prisma mais sentimental, fora dos factos, este prémio, por não ser um triunfo evidente de Messi ou qualquer outro jogador, poderia ser também o prémio de consolação para um Lewandowski “roubado” pela pandemia, em 2020. Os 170 votantes não quiseram ceder a essa lógica e Messi chegou mesmo à sétima distinção.
“Não sei quanto me falta, mas que seja por muitos anos, porque desfruto muito do futebol. Quero agradecer aos meus companheiros, mas especialmente aos da selecção argentina. Sempre que ganhei este troféu tinha a sensação de que faltava algo e este ano foi o contrário. Consegui o sonho que tinha, depois de tantos anos, de ganhar um troféu pela selecção”, disse, na gala. E deixou uma palavra para o principal rival: “É uma honra lutar com o Robert [Lewandowski]. Mereces. No ano passado foste o vencedor e oxalá que a France Football possa dar-ta [uma Bola de Ouro]”.
Portugueses infelizes
Relativamente aos portugueses, este não foi um bom dia. Cristiano Ronaldo não só não venceu como ficou fora do pódio – terminou no sexto lugar, a pior classificação desde a mesma posição em 2010.
Bruno Fernandes ficou “à porta” do top 20, com o 21.º lugar, enquanto Rúben Dias pode ser considerado um dos principais derrotados da noite, com um modesto 26.º lugar.
O central do Manchester City foi eleito o melhor jogador da Liga inglesa e esteve na final da Liga dos Campeões, algo que, em anos anteriores, poderia ter valido um lugar nos 15 primeiros. Tal como Lewandowski, terá acabado por ficar refém do mau Europeu colectivo e individual.
Confira o top 10 final: Lionel Messi, Robert Lewandowski, Jorginho, Karim Benzema, N’Golo Kanté, Cristiano Ronaldo, Mo Salah, Kevin de Bruyne, Mbappé e Gigi Donnarumma.
Putellas é a melhor do mundo
No futebol feminino, o prémio ficou para a espanhola Alexia Putellas. A jogadora do Barcelona confirmou o favoritismo, fazendo valer o título europeu conquistado ao serviço do clube catalão, bem como a Liga espanhola e a Taça da Rainha.
Aos 27 anos, Putellas sucede a Megan Rapinoe e destaca-se num lote recheado de finalistas da Champions: metade das 20 nomeadas eram do Barcelona e do Chelsea. Superou a concorrência de Jennifer Hermoso (Barcelona), Sam Kerr (Chelsea), Vivianne Miedema (Arsenal), Lieke Martens (Barcelona), Christine Sinclair (Thorns), Pernille Harder (Chelsea), Ashley Lawrence (Paris SG), Jessia Fleming (Chelsea) e Fran Kirby (Chelsea).
A canhota do Barcelona vive um momento tremendo, já que, depois da temporada de alto nível – foram 26 golos e 14 assistências – começou 2021/22 com 13 golos e 11 assistências em 13 jogos (praticamente um golo e uma assistência em cada jogo que faz).
Por fim, mais dois prémios. No prémio Lev Yashin, Gigi Donnarumma, do PSG, campeão europeu com a Itália, foi considerado o melhor guarda-redes do ano, enquanto o prémio Kopa, para o melhor jovem sub-21, escapou ao português Nuno Mendes, mais um rosto da desilusão nacional em Paris.
O vencedor foi, sem surpresa, o espanhol Pedri, do Barcelona, que superou Jude Bellingham (Dortmund), segundo, Jamal Musiala (Bayern), terceiro, e o português Nuno Mendes, quarto classificado.