Festival Maré regressa à Póvoa de Varzim com 11 nomes num cartaz para três dias
Começa com as Maria Monda e fecha com os Fanfara Station. Mas há mais: Mart’nália, Selma Uamusse, Zeca Medeiros, Ayom, The Sey Sisters, RAIA, Aníbal Zola, Os Camelos e Caravela. É a segunda edição do festival Maré, na Póvoa de Varzim, nos dias 9, 10 e 11 de Dezembro.
A primeira edição foi há dois anos, a 8 de Dezembro de 2019, e no cartaz estavam Palankalama, Maria Mazzotta, Uxía, Meszecsinka e Samba Sem Fronteiras, cinco nomes num dia. Agora, após o hiato imposto pela pandemia, o festival Maré volta à Póvoa de Varzim em 2021 com mais do dobro dos nomes em cartaz ao longo de três dias, de 9 a 11 de Dezembro. Na mesma sala que o viu nascer, o Cine-Teatro Garret, e de novo com o apoio da Câmara da Póvoa. No cartaz, estão as Maria Monda, Aníbal Zola e The Sey Sisters no primeiro dia; Ayom, RAIA, Selma Uamusse e Os Camelos no segundo; Zeca Medeiros, Caravela, Mart’nália e Fanfara Station no último.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A primeira edição foi há dois anos, a 8 de Dezembro de 2019, e no cartaz estavam Palankalama, Maria Mazzotta, Uxía, Meszecsinka e Samba Sem Fronteiras, cinco nomes num dia. Agora, após o hiato imposto pela pandemia, o festival Maré volta à Póvoa de Varzim em 2021 com mais do dobro dos nomes em cartaz ao longo de três dias, de 9 a 11 de Dezembro. Na mesma sala que o viu nascer, o Cine-Teatro Garret, e de novo com o apoio da Câmara da Póvoa. No cartaz, estão as Maria Monda, Aníbal Zola e The Sey Sisters no primeiro dia; Ayom, RAIA, Selma Uamusse e Os Camelos no segundo; Zeca Medeiros, Caravela, Mart’nália e Fanfara Station no último.
Para o promotor do festival, João Costa, este regresso era inevitável, como explica ao PÚBLICO: “O estado de admiração, ou o brilhozinho nos olhos que nós sentimos no público na primeira edição fez-nos perceber que a dinâmica do festival deveria manter-se e continuar. Porque esta tipologia de festival de Verão passada para o interior de um teatro no Inverno é uma outra coisa e funciona na perfeição. As pessoas estavam gratas pelo que estava aqui a acontecer e sentimos da parte do público um grande interesse pela proposta criada”. A ampliação da oferta, com mais nomes e mais dias, procurou corresponder a essa reacção do público. “E espero”, diz João Costa, “que possa ter um sucesso capaz de repetir nas próximas edições este formato mais largo.”
Aos três dias de festival correspondem também três espaços, todos eles no Cine-Teatro, a serem usados em horas diferentes e sem sobreposições. “Se quiséssemos alargar, ainda teríamos a rua e o hall de entrada”, brinca João Costa. “Mas os espaços físicos que estamos a usar são a sala de ensaios, uma espécie de caixa negra na cave do teatro, mas que tem óptimas condições; a sala principal, que é o grande auditório; e o café-concerto, onde terminam as sessões em festa.” E “com tempo para que as pessoas saiam de um espectáculo e possam ir a outro, sem atropelos.”
“Tentar as melhores escolhas”
Numa situação normal, diz João Costa, a programação estaria fechada em Outubro. “Mas na situação presente quisemos esperar um bocadinho, até ao limite do possível, para tentar as melhores escolhas. E penso que somos felizes no cartaz, acreditamos ter feito uma boa proposta com artistas que, boa parte deles, são completamente desconhecidos do público português.” E há também nomes bem conhecidos, como Mart’nália (filha de Martinho da Vila), Zeca Medeiros, Selma Uamusse ou as Maria Monda, bem integrados no espírito do festival, diz João Costa. “As músicas de raiz são base para programar, e temos todas as explorações possíveis, desde as mais tradicionais, caso das Maria Monda, à Fanfara Station, que é muito diferente. A Selma acrescenta a essa riqueza criativa, assente nas músicas de raiz, a mulher que todos nós sabemos, de armas, de luta, de palavra. Isso faz dela uma artista inquestionável e estamos muito felizes por tê-la cá.” A palavra é também primordial para Zeca Medeiros. “Para o festival, é uma espécie de homenagem e de sentido de gratidão por ele ter feito e continuar a fazer o trabalho que lhe conhecemos.”
Os horários dos concertos são idênticos em cada um dos dias, começando os primeiros às 21h (Maria Monda, Ayom e Zeca Medeiros), os segundos às 22h10 (Aníbal Zola, RAIA e Caravela), os terceiros às 23h20 (The Sey Sisters, Selma Uamusse e Mart’nália) e os últimos, no espaço do café-concerto, às 00h30 (só nos dias 10, com Os Camelos; e 11, com os Fanfara Station). Há bilhetes individuais à venda, ao preço de 10 euros, mas também um passe geral, por 35 euros.
O cartaz, nome a nome
Quem precisar de apresentações, saiba que as Maria Monda, trio formado em 2015 por Sofia Adriana Portugal, Susana Quaresma e Tânia Cardoso são três vozes portuguesas a mondar sons em homenagem à Mãe-Terra e lançaram o seu primeiro álbum em 2020. Já o outro trio que se ouvirá na mesma noite, The Sey Sisters, foi formado por três irmãs catalãs de ascendência ganesa em 2006: Edna, Yolanda y Kathy Sey, que, segundo a organização, nos propõem uma “viagem desde o gospel à música africana com cantos impregnados de profunda emoção que emergem da luta contra a injustiça”. No mesmo dia, actuará ainda Aníbal Zola, cantautor e contrabaixista do Porto, “que utiliza a língua portuguesa como cúmplice no processo de composição”.
O colectivo Ayom, que abre o segundo dia, foi formado entre Lisboa e Barcelona por músicos de Angola, Brasil, Itália e Grécia, explorando uma sonoridade mediterrânica e tropical, negra e mestiça, misturando baião e semba, cumbia e funaná, coladeira e ijexá. O seu álbum de estreia foi considerado pela Songlines como um dos dez melhores discos de world music em 2020. Na mesma noite, uma outra voz que, residindo em Portugal, eleva bem alto a alma africana: a cantora e compositora moçambicana Selma Uamusse, excelente performer, que passando por vários projectos (WrayGunn, Nu Jazz Ensemble, Cacique 97, Sean Riley, Buraka, Rodrigo Leão) lançou em 2020 o seu mais recente álbum a solo, Liwoningo (luz, em chope). Ainda no segundo dia, RAIA, projecto do músico, compositor e intérprete António Bexiga, que percorre as sonoridades da viola campaniça, do Alentejo, nas vertentes acústica e eléctrica; e Os Camelos, “um trio brasileiro de música orgânica que age como intervenção sonora e poética nos palcos, ruas e carruagens dos comboios e metros das cidades, com performances intimistas e energéticas”.
O último dia abre com Zeca Medeiros, cantor, compositor, actor e realizador açoriano, com vasta obra gravada, que lançou em 2021 mais um álbum, CD com DVD, intitulado A Dúvida Soberana. Umas das vozes a ter em conta na história da música popular portuguesa de todos os tempos. Também de 2021 é Orla, o álbum de estreia dos Caravela, sexteto liderado pelos portugueses Telmo Sousa e Inês Loubet, que mistura influências da Bahia à música de Cabo Verde e ao jazz contemporâneo, numa abordagem com espaço para a improvisação. Mart’nália, cantora e compositora, carioca e sambista, é outro nome que não precisaria de apresentação: filha de Martinho da Vila, já actuou várias vezes em Portugal e lançou este ano um novo álbum, Sou Assim Até Mudar. Por fim, e a fechar o festival, mais um trio: os italianos Fanfara Station, cuja performance em palco é apresentada pela organização como uma “celebração extasiante num transe de batidas e sonoridades electrónicas e ritmos norte-africano, criados por apenas três músicos italianos, graças à enérgica utilização de um arsenal de instrumentos”.
Com estes nomes e com a esperada resposta do público, João Costa está confiante no futuro: “Acredito que o Maré vai sobreviver na Póvoa durante muitos anos e acredito que se possa vir a transformar num festival de referência. Por nós, vamos trabalhar para que isso aconteça.”