Ensaio clínico na Universidade de Coimbra para treinar cérebro de crianças em casa
Novo conceito está apoiado em métodos de estimulação cerebral, uma técnica não invasiva que envolve correntes directas de baixa amplitude e em determinadas regiões do cérebro
Um dispositivo médico que possibilita o treino, em casa, do cérebro de crianças com hiperactividade e défice de atenção ou perturbação do autismo integra um ensaio clínico, pioneiro em Portugal, a realizar na Universidade de Coimbra (UC). Em comunicado, a UC afirma que o primeiro ensaio clínico em Portugal do “tratamento inovador” destinado a crianças e adolescentes que sofrem de Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA) ou Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) insere-se no projecto europeu STIPED, que envolve a colaboração científica entre dez universidades, clínicas e empresas de toda a Europa.
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Um dispositivo médico que possibilita o treino, em casa, do cérebro de crianças com hiperactividade e défice de atenção ou perturbação do autismo integra um ensaio clínico, pioneiro em Portugal, a realizar na Universidade de Coimbra (UC). Em comunicado, a UC afirma que o primeiro ensaio clínico em Portugal do “tratamento inovador” destinado a crianças e adolescentes que sofrem de Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA) ou Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) insere-se no projecto europeu STIPED, que envolve a colaboração científica entre dez universidades, clínicas e empresas de toda a Europa.
“Trata-se de um conceito completamente novo de terapia para perturbações neuropsiquiátricas crónicas em pediatria, que aposta no tratamento personalizado, no uso de um dispositivo biomédico de tratamento domiciliário (uma touca de eléctrodos) e num serviço de telemedicina que permite o controlo remoto da segurança, das configurações de estimulação e a monitorização contínua dos sintomas clínicos”, sustenta, citado na nota, o consórcio do projecto.
“Baseia-se em métodos de estimulação cerebral inovadores, eficazes, seguros e fáceis de realizar, através da estimulação transcraniana por corrente contínua (...), uma técnica não invasiva que fornece ao cérebro correntes directas de baixa amplitude em regiões do cérebro que se pensa estarem comprometidas naquelas perturbações”, explica, no comunicado, Miguel Castelo Branco, coordenador da equipa portuguesa e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).
Antes de iniciar este primeiro ensaio a partir de casa, a equipa multidisciplinar coordenada por Miguel Castelo Branco “realizou vários estudos e três ensaios clínicos em laboratório, no Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), e em ambiente hospitalar, envolvendo cerca de uma centena de crianças e adolescentes saudáveis e com PHDA e PEA”.
O projecto europeu STIPED junta médicos, psicólogos, matemáticos, engenheiros e especialistas em bioética e tem como grande objectivo encontrar terapias alternativas para substituir “as opções terapêuticas tradicionais, baseadas em medicação, que, no caso do autismo, são meramente sintomáticas e com efeitos secundários frequentemente severos”, salienta Miguel Castelo Branco.
O STIPED conta com um financiamento global de seis milhões de euros, atribuído pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia, e teve uma primeira fase de investigação em ambientes clínicos e académicos.
Recentemente, ainda segundo a nota da UC, “foi aprovado pelas entidades reguladoras em vários países europeus para ser testado como dispositivo médico em casa”.
Após a conclusão do primeiro teste clínico com o novo dispositivo biomédico, os cientistas da Universidade de Coimbra “pretendem realizar novos ensaios” e manifestam-se “receptivos ao contacto de famílias e potenciais voluntários”. Os interessados em participar no projecto STIPED podem inscrever-se através da página, adianta a nota da UC.