Treze casos da variante Ómicron em Portugal – todos ligados à Belenenses SAD
Variante foi detectada este mês na África austral e já tinham sido identificados alguns casos na Europa. Estado clínico dos infectados com esta variante é favorável, diz Graça Freitas.
Foram identificados 13 casos da variante Ómicron em Portugal, anunciou o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) esta segunda-feira. Foram analisadas 13 amostras positivas de infecção da equipa do Belenenses SAD (jogadores e técnicos), “dado que um dos casos positivos terá tido uma viagem recente à África do Sul”. Esta é uma variante do coronavírus SARS-CoV-2 (que causa a doença covid-19), que tem dezenas de mutações e que foi detectada este mês na África austral.
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Foram identificados 13 casos da variante Ómicron em Portugal, anunciou o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa) esta segunda-feira. Foram analisadas 13 amostras positivas de infecção da equipa do Belenenses SAD (jogadores e técnicos), “dado que um dos casos positivos terá tido uma viagem recente à África do Sul”. Esta é uma variante do coronavírus SARS-CoV-2 (que causa a doença covid-19), que tem dezenas de mutações e que foi detectada este mês na África austral.
“Os ensaios preliminares efectuados no Insa sugerem, fortemente, que todos os 13 casos associados aos jogadores da Belenenses SAD estejam relacionados com a variante de preocupação Ómicron”, lê-se no comunicado enviado ao PÚBLICO. As pessoas infectadas estão em isolamento, assim como as pessoas com quem estiveram em contacto, “independentemente do estado vacinal e do nível de exposição”. Estes contactos serão submetidos a testes ao quinto e ao décimo dia de exposição ao vírus.
As análises foram feitas através do departamento de doenças infecciosas do Insa, que ressalva que está a ser feita a “sequenciação do genoma para confirmação final destes casos”. Ainda assim, dizem, “o valor preditivo dos ensaios realizados é já muito elevado”.
A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou esta segunda-feira que os casos não são exclusivamente em jogadores, mas também entre outros membros da equipa da Belenenses SAD. A evolução clínica dos casos positivos “está a ser favorável e essa é uma boa notícia”, afirmou, em declarações à TSF.
Os casos na Belenenses SAD já tinham sido notícia depois de o jogo contra o Benfica se ter realizado no sábado, apesar de o Belenenses ter poucos jogadores em campo, por causa do surto de covid-19 na equipa. O encontro acabou por terminar aos 48 minutos, por determinação do árbitro, porque a Belenenses SAD não apresentava nessa altura o número mínimo de jogadores (sete) em campo, numa altura em que o Benfica já goleava por 7-0.
Graça Freitas descartou ainda qualquer responsabilização das autoridades de saúde na realização do jogo de sábado. Apesar de este não ser o protocolo “habitual”, os jogadores do Benfica também deverão fazer testes de despistagem por uma questão de precaução, avançou a directora-geral da Saúde, argumentando que tal só acontece por se tratar de uma nova variante. E disse que as pessoas que estiveram no jogo não eram contactos de risco – caso contrário não teriam jogado.
O isolamento de contactos já foi feito e, “tratando-se de uma nova variante”, haverá uma identificação alargada dos contactos e um “plano de testes muito rigoroso”. Para tentar travar a propagação desta variante, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) disse que faria isolamentos e testagem de forma mais intensa: “É o que está neste momento a ser feito e é o que se pode fazer.”
Analisados 218 passageiros
O Insa diz ainda que foram analisadas amostras provenientes de 218 passageiros de um voo com origem em Maputo, Moçambique, que aterrou no dia 27 de Novembro no aeroporto de Lisboa. Neste voo estavam duas pessoas infectadas com o coronavírus SARS-CoV-2: num deles foi detectada a variante Delta e, no outro passageiro, não foi possível “a correcta identificação”.
“Os vírus não conhecem fronteiras”, afirmou Graça Freitas esta segunda-feira, acrescentando que, “se esta variante for muito transmissível, vai instalar-se e propagar-se por todo o mundo”. Por isso, apelou a que todos os portugueses mantivessem medidas como utilizar máscara, arejar espaços fechados, não ter demasiados contactos fora da sua bolha familiar. “A pandemia não acabou e estas variantes podem surgir em qualquer sítio”, vincou. A directora-geral da Saúde pediu ainda aos viajantes que monitorizem os seus sintomas e que entrem em contacto com o SNS24, se existir necessidade.
O Insa refere que “Portugal está atento a esta situação” e que está a ser feita uma monitorização contínua de variantes a nível nacional, através da análise de amostras com representatividade nacional e de casos suspeitos. As autoridades de saúde continuam com medidas de controlo, como o isolamento dos contactos de casos de infecção pela variante Ómicron ou ainda de pessoas com historial de viagens à África austral nos 14 dias anteriores, “pelo princípio da precaução em saúde pública”.
Esta variante tem dezenas de mutações – incluindo na proteína de espícula spike, que é essencial para a entrada nas células humanas e que é o principal alvo de muitas vacinas contra a covid-19 –, mas o Insa acautela que ainda “não existem quaisquer dados científicos que suportem a sua maior transmissibilidade ou a sua capacidade para diminuir a eficácia das vacinas”.
O primeiro caso confirmado desta variante foi detectado numa amostra colhida no passado dia 9 de Novembro, na África do Sul. Dois dias depois um outro caso da mesma variante foi confirmado no vizinho Botswana. A descoberta desta variante levou a uma onda de restrições de viagens de países da África austral e já vários casos tinham sido identificados na Europa: primeiro na Bélgica, depois no Reino Unido, na Alemanha e na Itália – todos ligados a pessoas que viajaram de países africanos.