Covid-19: Aumento dos casos provoca regresso das restrições e dos protestos

Bélgica, Países Baixos, Áustria ou Guadalupe foram palco de alguns dos protestos mais ruidosos da última semana contra o regresso das medidas de combate à pandemia.

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Protestos contra as restrições em Praga, na República Checa DAVID W CERNY/Reuters

Na última semana, a chamada quarta vaga de infecções de covid-19 ameaçou a capacidade dos serviços de saúde de Bruxelas a Berlim, com alguns governos a reagirem de forma visivelmente irritada face aos manifestantes que protestaram contra as regressadas restrições ou a apelarem de forma dramática à vacinação, como fez o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, avisando que no final do Inverno a maioria dos alemães estarão “vacinados, curados ou mortos”.

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Na última semana, a chamada quarta vaga de infecções de covid-19 ameaçou a capacidade dos serviços de saúde de Bruxelas a Berlim, com alguns governos a reagirem de forma visivelmente irritada face aos manifestantes que protestaram contra as regressadas restrições ou a apelarem de forma dramática à vacinação, como fez o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, avisando que no final do Inverno a maioria dos alemães estarão “vacinados, curados ou mortos”.

Ao contrário do que acontece nos Países Baixos, que assistiram a três dias de motins, alguns países que têm enfrentado protestos massivos ou violentos têm taxas de vacinação mais baixas do que o esperado (nos Países Baixos há 85% de vacinados contra o novo coronavírus). Na Alemanha, o Governo quer fazer crescer os actuais 68% para bem acima dos 75%; a Áustria, que chegou a anunciar que iria pôr milhões de pessoas não totalmente vacinadas em confinamento (antes de decretar um confinamento total), tem a taxa de vacinação mais baixa dos países da Europa ocidental, à excepção do Liechtenstein, com 65%.

Não vacinados, adeptos de teorias da conspiração, grupos que formam a sua opinião sobre estas medidas com base nas posições de partidos (coincide ser a oposição de extrema-direita que mais resiste às restrições em vários países) ou jovens que aproveitam os protestos para “se portarem mal”, todas estas pessoas olham para covid-19 através da sua desconfiança face às instituições e vêem as medidas sanitárias como “mais um ataque às suas liberdades e autonomia”, diz Jelle van Buuren, professor da Universidade de Leiden, nos Países Baixos​.

Desta vez, a ideia de discriminar os que recusam vacinar-se tem contribuído para exacerbar tensões. Em Guadalupe, região francesa das Caraíbas, protestos desencadeados com a obrigatoriedade da vacinação para enfermeiros e bombeiros originaram vários dias de violência. Com 46,43% de adultos vacinados com a primeira dose é normal que as autoridades se vejam obrigadas a apertar as medidas, o que, por sua vez, causa mais tensões.

Os observadores notam que os protestos tanto onde há taxas de vacinação baixas (Áustria, Guadalupe) como altas (Países Baixos, Bélgica) resultam de cansaço em relação às restrições aliado à ideia, por parte de quem se esforçou por cumprir medidas, de que a vacinação equivaleria à recuperação da liberdade, o que afinal não se verifica. Um sentimento de injustiça que uma melhor comunicação dos governos poderia ter ajudado a prevenir.

Nenhuma razão explica por si só a irrupção de protestos violentos e a existência de desigualdades profundas, que analistas neerlandeses referem, não é excepção. Mas olhando para Guadalupe é impossível não notar o descontentamento de um território onde um terço da população vive abaixo da linha de pobreza. Reconhecendo “a crise permanente” que Guadalupe vive há anos, marcada por “greves endémicas, cortes de água” e uma crise ambiental e sanitária, o ministro francês para os Territórios Ultramarinos, Sébastien Lecornu, disse na sexta-feira que Paris admite discutir a autonomia do território.