Belenenses SAD-Benfica: um simulacro de futebol

O jogo entre a Belenenses SAD e o Benfica foi tudo menos futebol, com os “azuis” a subirem ao relvado do Estádio Nacional com apenas nove jogadores devido a um surto de covid-19.

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Seferovic marcou dois golos LUSA/ANTONIO COTRIM

Para o futebol ser Futebol (assim, com letra maiúscula) é preciso, pelo menos, uma bola, duas balizas, uma equipa de arbitragem e 11 jogadores de cada lado. Ora, o que se viu neste sábado, no Estádio Nacional, em Oeiras, entre a Belenenses SAD e o Benfica, em jogo a contar para a 12.ª jornada da I Liga, foi tudo menos Futebol. Foi um simulacro de Futebol. Por isso é que o jogo não chegou ao fim. Terminou ao intervalo, com 0-7 a favor dos benfiquistas, que não é o resultado de um jogo de futebol, é, acima de tudo, uma mentira.

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Para o futebol ser Futebol (assim, com letra maiúscula) é preciso, pelo menos, uma bola, duas balizas, uma equipa de arbitragem e 11 jogadores de cada lado. Ora, o que se viu neste sábado, no Estádio Nacional, em Oeiras, entre a Belenenses SAD e o Benfica, em jogo a contar para a 12.ª jornada da I Liga, foi tudo menos Futebol. Foi um simulacro de Futebol. Por isso é que o jogo não chegou ao fim. Terminou ao intervalo, com 0-7 a favor dos benfiquistas, que não é o resultado de um jogo de futebol, é, acima de tudo, uma mentira.

Com um surto de covid-19 a dizimar o seu plantel e não só (a equipa técnica também foi afectada, tal como a equipa médica, num total de 18 elementos) a Belenenses SAD ficou sem atletas para defrontar o Benfica. E a solução encontrada pelos responsáveis “azuis” não foi pedir para que o jogo fosse adiado. Foi ir a jogo com um “onze” composto por apenas… nove jogadores (sendo que apenas dois deles – Calila e Boni – integram o plantel principal). Um dos guarda-redes da equipa (João Monteiro) foi mesmo obrigado a jogar como jogador de campo… enquanto os restantes são elementos da equipa sub-23.

Já o Benfica entrou em campo com a sua equipa principal. Indiferente ao drama que o seu adversário atravessava e escudado em situações semelhantes que viveu na época passada - os “encarnados” também foram vítimas de um surto de covid-19 há um ano e chegaram a pedir o adiamento de um jogo contra o Nacional, não tendo visto as suas pretensões serem aceites. E, talvez por isso, Jorge Jesus não teve contemplações. Apresentou o seu melhor “onze” contra o remediado “nove” da Belenenses SAD. E o que se seguiu não foi bonito.

Golo no primeiro minuto

Com um guarda-redes, cinco defesas e três médios a tentarem parar com as mãos uma “enxurrada”, a resistência “azul” não durou um minuto. Um autogolo de Kau, com 25 segundos de jogo, foi o espelho da fragilidade de uma equipa que não tinha as mesmas armas no relvado.

Sem festejarem, os benfiquistas foram dilatando a sua vantagem no marcador. Seferovic, por duas vezes – uma delas de penálti –, Darwin Nuñez – autor de um hat-trick, e Weigl fizeram com que a partida chegasse ao intervalo com um 0-7 no placard e que Rui Pedro Soares, presidente da Belenenses SAD e que horas antes do início do encontro disse publicamente que não tinha pedido o adiamento do encontro, regressasse aos balneários com lágrimas a escorrerem-lhe do rosto.

Na segunda parte, Jorge Jesus percebeu que não precisava de tanta artilharia frente a um adversário tão débil. E decidiu trocar cinco jogadores de uma assentada (Otamendi, Grimaldo, Weigl, Rafa e Darwin Nuñez foram substituídos por Morato, Gil Dias, Taarabt, Pizzi e Gonçalo Ramos). Só que, do outro lado, estava uma equipa destroçada e que já não tinha forças para resistir. Com os jogadores do Benfica e a equipa de arbitragem em campo, do túnel de acesso aos balneários não surgiu ninguém da Belenenses SAD.

E foi preciso esperar alguns minutos para que surgissem não nove, mas sim sete - o mínimo exigível para que a partida se pudesse realizar - jogadores da Belenenses SAD. Pressentia-se que algo iria acontecer e, mal o árbitro apitou para o início da segunda parte, João Monteiro (o tal guarda-redes que estava a jogar como jogador de campo e que já no primeiro tempo necessitou de ser assistido) caiu no relvado e disse para Manuel Mota, quando este chegou perto de si para se inteirar do seu estado físico: “Acabou”. E acabou mesmo, algo que nunca deveria ter começado.