Prejuízos da TAP agravaram-se para 134,5 milhões no terceiro trimestre
Companhia aérea refere impacto cambial negativo. Presidente executiva fala de uma “recuperação lenta” e diz haver primeiros sinais de recuperação. TAP já perdeu 627,6 milhões de euros desde o início do ano, ligeiramente abaixo dos 700,6 milhões dos primeiros nove meses de 2020
A TAP teve um resultado líquido negativo de 134,5 milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, 15,8 milhões acima dos prejuízos registados em idêntico período do ano passado. O valor das perdas da companhia aérea nos meses de Julho, Agosto e Setembro, divulgado esta quinta-feira à tarde, é também superior ao do segundo trimestre, quando o valor se fixou num prejuízo de 128,1 milhões.
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A TAP teve um resultado líquido negativo de 134,5 milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, 15,8 milhões acima dos prejuízos registados em idêntico período do ano passado. O valor das perdas da companhia aérea nos meses de Julho, Agosto e Setembro, divulgado esta quinta-feira à tarde, é também superior ao do segundo trimestre, quando o valor se fixou num prejuízo de 128,1 milhões.
De acordo com o comunicado da empresa divulgado esta quinta-feira, o resultado líquido negativo de 134,5 milhões agora conhecido contempla “um forte impacto negativo na demonstração de resultados das diferenças de câmbio, sendo a maior parte sem impacto em caixa”. No final de Setembro, a companhia tinha 397,6 milhões de euros em caixa e equivalentes.
O número de passageiros e de rendimentos operacionais subiram no terceiro trimestre (o mercado brasileiro abriu apenas em Setembro, permanecendo o norte-americano fechado), mas houve também um acréscimo dos gastos operacionais, desde os custos com combustíveis e de tráfego até aos custos com pessoal, não obstante a redução do número de trabalhadores devido, explica a empresa, aos “custos variáveis em resultado das operações que aumentaram”. Os rendimentos chegaram aos 443,7 milhões de euros, e os gastos totalizaram 489,5 milhões.
Já o número de trabalhadores encolheu para 6690, o que representa uma diminuição 27% face ao período pré-pandemia, e o número tenderá a descer mais já que o despedimento colectivo só foi concluído em Outubro.
Desde o início deste ano, a TAP já perdeu 627,6 milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 700,6 milhões dos nove meses de 2020. Ao todo, desde Janeiro de 2020 até Setembro deste ano, as perdas da companhia aérea intervencionada pelo Estado totalizam 1857,5 milhões de euros.
A TAP refere que o resultado operacional foi negativo em 45,9 milhões nos três meses do Verão, uma melhoria face aos 182,6 milhões de euros, também negativos, de idêntico período de 2020; e face aos 149,6 milhões de euros negativos do segundo trimestre. Uma melhoria que, defende a gestão da TAP, deriva “não apenas da recuperação da actividade mas também das medidas de restruturação”.
O EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente, acrescenta a empresa, “registou pela primeira vez desde que a pandemia de covid-19 começou, um valor positivo de 65,6 milhões” no terceiro trimestre.
Mais 170 milhões de ajudas a caminho
A companhia recorda que “continua a aguardar a aprovação do plano de restruturação” do grupo inicialmente entregue pelo Governo na Comissão Europeia em Dezembro de 2020, e que se prevê que esteja concluído até ao final deste ano. A TAP afirma que está “a trabalhar conjuntamente com o Governo português para atingir esse objectivo”, e que, entretanto, está “focada em continuar a implementação das medidas de reestruturação e em repor as suas operações”.
Conforme afirmou o ministro das Finanças, João Leão, em entrevista ao PÚBLICO esta quinta-feira, a TAP vai receber 170 milhões de euros de compensação pelos impactos da pandemia referentes a este ano.
Posteriormente, o Ministério das Finanças esclareceu que o valor exacto será transferido para a TAP logo após a respectiva aprovação pela Comissão Europeia, “que se espera para breve”, dando novo fôlego financeiro à empresa e que o valor exacto está ainda a ser ultimado (será da ordem dos 150 milhões a 170 milhões).
Este valor, tal como os 462 milhões de euros também ligados à covid-19 que a companhia recebeu em Maio, são abatidos aos 998 milhões de ajudas previstos para este ano (depois dos 1200 milhões de 2020). No entanto, os restantes cerca de 360 milhões de ajuda pública só podem ser aplicados depois de o plano de restruturação ser aprovado por Bruxelas.
Conforme afirmou João Leão na entrevista, o Governo gostaria de avançar com uma injecção ainda este ano, mas tal é possível de ser feito em regime de duodécimos em 2022 através de “uma rubrica que tem que ver com a aplicação em investimentos financeiros do Ministério das Finanças e que tem o montante necessário”. Para o ano que vem, o executivo prevê aplicar mais 990 milhões na TAP, elevando o valor total das ajudas públicas para 3188 milhões de euros.
No comunicado das contas trimestrais publicado esta quinta-feira, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, referiu que “a abertura das fronteiras nos principais mercados” da companhia “está reflectida na sua performance financeira, dando-se o primeiro sinal de uma recuperação lenta de um período e desafiante para a indústria da aviação” e para a empresa. “Estamos cautelosamente confiantes que esta tendência será sustentável e que será reflectida na situação financeira da TAP”, afirmou a gestora.