Naufrágio no canal da Mancha fez pelo menos 27 mortos
Autoridades francesas dizem que é o pior acidente de sempre no canal da Mancha com barcos de migrantes. Governo britânico convocou o seu gabinete de crise.
Pelo menos 27 migrantes morreram afogados ao tentarem atravessar o canal da Mancha, esta quarta-feira, quando tentavam chegar à ilha britânica num barco insuflável. O número de vítimas mortais é provisório e foi avançado pela presidente da Câmara de Calais, em França, Natacha Bouchart. Segundo as autoridades marítimas francesas, citadas pela agência Reuters, este é o pior acidente com migrantes no canal da Mancha.
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Pelo menos 27 migrantes morreram afogados ao tentarem atravessar o canal da Mancha, esta quarta-feira, quando tentavam chegar à ilha britânica num barco insuflável. O número de vítimas mortais é provisório e foi avançado pela presidente da Câmara de Calais, em França, Natacha Bouchart. Segundo as autoridades marítimas francesas, citadas pela agência Reuters, este é o pior acidente com migrantes no canal da Mancha.
O presidente da Câmara de Teteghem, em França, disse à Reuters que as operações de busca ainda estão a decorrer e que é possível que sejam encontrados mais corpos.
Na manhã desta quarta-feira, em Calais, os repórteres da Reuters viram um grupo de mais de 40 migrantes a partir em direcção à Grã-Bretanha numa pequena embarcação. “Estou muito emocionado com a trágica morte de vários migrantes num acidente com um barco no canal da Mancha”, disse o ministro do Interior francês, Gérald Darmain, no Twitter.
Darmain acrescentou ainda que as nacionalidades dos migrantes ainda não são conhecidas e que foram detidas quatro pessoas, suspeitas tráfico humano e de envolvimento no acidente.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, lamentou a morte das “vítimas de contrabandistas criminosos que exploram a sua angústia e miséria”. E o chefe do Governo britânico, Boris Johnson, já convocou o seu gabinete de crise.
Nicolas Margolle, um pescador ouvido pela Reuters, disse que avistou duas pequenas embarcações esta quarta-feira, uma com pessoas a bordo e outra vazia. E contou que um outro pescador avisou as equipas de salvamento quando viu uma embarcação vazia e 15 corpos a flutuar nas imediações. O mesmo pescador disse que há mais embarcações no canal da Mancha esta quarta-feira porque as condições meteorológicas são favoráveis à travessia, embora a água esteja gelada.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeram novas medidas para travar as travessias ilegais de migrantes no canal da Mancha. Afirmando-se “chocado, revoltado e profundamente triste” com o mais recente naufrágio no canal da Mancha, Johnson afirmou que o Governo britânico tem tido “dificuldade em persuadir alguns parceiros, especialmente os franceses, a agirem à altura da situação”.
“Mas entendo as dificuldades que todos os países estão a enfrentar”, disse Johnson, após uma reunião de crise em Downing Street. “O que queremos agora é fazer mais, juntos. É isso que estamos a propor”, acrescentou o primeiro-ministro britânico, referindo-se à cooperação com o Governo francês. “Este desastre destaca o quão perigoso é cruzar o canal da Mancha desta forma. Também mostra como é vital intensificar os nossos esforços para quebrar o modelo de negócio dos contrabandistas que enviam pessoas para o mar dessa forma”, acusou Boris Johnson. “Digo aos nossos parceiros do canal que chegou o momento de todos nos mobilizarmos, trabalharmos juntos para fazer tudo o que for possível para acabar com esta situação”, acrescentou o líder britânico.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, referiu que o seu país não irá permitir que o canal da Mancha “se torne num cemitério”. O chefe de Estado francês pediu “o reforço imediato dos recursos da agência Frontex nas fronteiras externas da União Europeia” e apelou também a “uma reunião de emergência dos ministros europeus com a pasta do desafio da migração”. “Os principais responsáveis por esta situação desprezível são contrabandistas”, referiu o ministro do Interior francês, citado pela agência AFP. Gerald Darmanin apelou também a uma “resposta internacional coordenada” a esta tragédia “que afecta todos”.
Esta tragédia é a mais mortal desde o aumento, em 2018, das travessias migratórias do canal da Mancha, face ao crescente bloqueio do Porto de Calais e do túnel utilizado até então por migrantes que tentavam chegar a Inglaterra. Estas travessias são objecto de tensões regulares entre Paris e Londres, já que as autoridades britânicas consideram insuficientes os esforços desenvolvidos pelo lado francês para impedir os migrantes de embarcar, apesar do pagamento de uma ajuda financeira.
Na segunda-feira, o Ministério do Interior britânico disse que o número de migrantes que atravessaram o canal da Mancha desde Janeiro é três vezes superior ao que foi registado em todo o ano de 2020. Segundo o Governo do Reino Unido, 886 pessoas chegaram ao território britânico só no passado sábado, elevando o total desde o início do ano para 25.700. Em 2020, 8469 migrantes chegaram à Grã-Bretanha através do canal da Mancha.
Notícia actualizada às 23h30 com a correcção do total de mortes e a informação de detenção de quatro suspeitos.