Vacinar as crianças? É só a minha opinião
Actualmente, grande parte dos infectados são crianças. Mas, como sempre, os doentes graves, internados ou que morrem são os mais velhos e doentes.
É só a minha opinião. Fruto da minha forma de pensar e percepcionar da realidade. Somatório da minha experiência de vida. Trinta anos dedicados à Medicina, mais de 20 à arte de cuidar dos meninos dos outros, a Pediatria, e 19 anos de experiência como mãe, a triplicar.
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É só a minha opinião. Fruto da minha forma de pensar e percepcionar da realidade. Somatório da minha experiência de vida. Trinta anos dedicados à Medicina, mais de 20 à arte de cuidar dos meninos dos outros, a Pediatria, e 19 anos de experiência como mãe, a triplicar.
Tenho alguns conhecimentos sobre vacinas: fiz um estágio em Imunoalergologia e o Exame Europeu de Imunologia. Mas não sou perita em nada e esta é só uma opinião. Dada pelo direito de liberdade de expressão e pelo dever que sinto como pessoa, pediatra e mãe, e que de vez em quando partilha opiniões publicamente.
Mantendo-me indiferente aos comentários de quem tem opiniões divergentes; cada qual tem direito à sua liberdade. É só, uma opinião.
Perante uma quinta vaga de pandemia, não podemos baixar os braços, arrastados pelo cansaço. A luz ao fim do túnel ora acende, ora apaga, e estamos todos muito fartos disto.
Urge vacinar os mais vulneráveis. Sem hesitações, baseadas numa pretensa imunidade ainda existente alguns meses depois. Porque esta imunidade é hipotética: não há exactidão científica de quando deixamos de estar protegidos. E se prazos de validade dos alimentos por vezes se estendem durante mais algum tempo, quase ninguém arrisca em comer um ovo fora de prazo, principalmente estando a flutuar na água. Com os seres humanos não temos destas mezinhas para determinar se a vacina ainda é eficaz.
Em Portugal, temos o privilégio de dispor de vacinas contra a covid. Não são infalíveis, nem nos conferem a ideal imunidade duradoura, mas são as armas de que dispomos. E não temos bem noção da sorte que temos, poder reforçar a protecção contra este vírus insuportável, quando muitas pessoas noutros pontos do mundo nem a uma dose tiveram direito…
Portanto, é só uma opinião e um apelo meu: que os mais velhos se vacinem, sem mais demoras. São estes, os avós. A maioria passou meses sem ver os netos, já se esqueceram? Actualmente, grande parte dos infectados são crianças. Mas, como sempre, os doentes graves, internados ou que morrem são os mais velhos e doentes.
Na minha modesta opinião, os números de casos de covid em crianças pecam largamente por defeito: os nossos meninos, nesta fase de pandemia, estão a tentar viver a sua infância com o máximo de normalidade (e que bom). Para isso, a maioria dos mais pequenitos não usa máscara. Estão já assoberbados por inúmeras viroses, fruto da época, e que este ano vieram mais agrestes: vírus sincicial respiratório, rinovírus, entre outros (o síndrome mão-pé-boca é agora gíria comum de quem tem filhos pequenos, eu nunca vi tantos como este ano…). Sintomas sempre parecidos, nos nossos meninos, febre ou não, pingo no nariz com tosse ou não, e etc..
Se fôssemos fazer testes a todos os possíveis sintomas de covid em idade pediátrica, os nossos meninos faziam testes praticamente todos os dias!
E este coronavírus é tão manhoso, que nestas idades, muitas vezes instala-se sem sintomas nenhuns. Os meninos assintomáticos, que são muitos, por isso o número de reais infectados é muito inferior ao das estatísticas.
A boa notícia: A grande maioria dos meninos infectados não tem doença grave, até agora.
A má notícia: Este vírus tem um comportamento imprevisível, para já, só existem casos raros de meninos internados com gravidade, e muitíssimo mais raros são os meninos que morrem, mas já existem.
A péssima notícia: Os meninos podem chegar da escola infectados, sem ninguém dar conta. Ou com um sintoma de virose que ninguém distingue “a olho” se é covid. E infectar os avós, os avós não querem certamente voltar a ser avós online durante meses, pois não?
A óptima notícia: Podemos vacinar meninos dos 5 aos 11 anos em breve. Travar a escalada de um vírus matreiro, que descobriu entre os mais novos a oportunidade de se esconder ou se disfarçar de outro vírus qualquer, dos que dá febre ou não, pingo no nariz e tosse ou não, e etc..
Evitar que a desejada normalidade do convívio nas escolas volte a ser uma miragem.
Não é só pelos mais velhos, que se devem vacinar os mais novos. É pelo risco desconhecido deste vírus se tornar mais agressivo nos nossos meninos. É pelo bem-estar psicológico dos nossos meninos, já demasiado afectado por meses a fio de um “novo normal” que não permite um desenvolvimento saudável. É pelo direito das crianças de serem crianças, com recreio, com abraços aos amigos e o miminho bom dos avós.
Mas esta é só a minha opinião. A qual também é, em linhas gerais, a de grande parte dos meus colegas. A Sociedade Portuguesa de Pediatria já confirmou a segurança da vacina contra a covid nas crianças. Acredito que está para breve a aprovação da vacina na Europa.
Seria bom o processo decorrer sem grande demora, para evitarmos um déja vu do Inverno passado. Mas sempre tendo em mente os mais velhos, como prioridade absoluta. É só a minha opinião.
E faço o que digo. Estou vacinada e, como profissional de saúde, já fiz a terceira dose. Os meus filhos entre 13 e 19 anos estão vacinados. E os avós vão fazer a dose de reforço, sem demoras.