1. William Galston dizia, numa recente entrevista ao PÚBLICO, que o teste de uma política externa europeia credível se jogaria provavelmente na Ucrânia. Por outras palavras, na “frente” mais ameaçadora da estratégia de Putin para desestabilizar a Europa e alargar e consolidar em território europeu a esfera de influência russa que quer que seja equivalente à da antiga União Soviética. A história da Ucrânia, desde que se tornou independente, depois da implosão da União Soviética, em 1991, tem sido ditada pela extrema tensão entre o seu impulso para se aproximar do Ocidente, incluindo a União Europeia e até mesmo a NATO, e a pressão constante de Moscovo para impedir que isso alguma vez possa acontecer. Formaram-se governos pró-ocidentais, destruídos pela ingerência do Kremlin e corroídos pela corrupção interna. Houve uma “revolução laranja” (2004) quando as revoluções de democráticas, na primeira década do século, pareciam ainda promissoras e tinham cores. Quase 10 anos depois, a Ucrânia viveu de novo os gigantescos protestos da Praça Maidan, primeiro dos jovens, depois de muito mais gente, contra um governo pró-russo que quis pôr fim às negociações de um tratado de associação com a União Europeia. Reprimidos violentamente, desencadearam outra revolução democrática que Putin resolveu não tolerar. Tropas russas anexaram a Península da Crimeia e apoiaram a “insurreição” pró-russa na província do Donbass, na parte mais a Leste do país. Os acordos de Minsk, negociados por Merkel e Hollande com Putin, apenas serviram para congelar o conflito. A Ucrânia seguiu o seu percurso, insistindo na aproximação ao Ocidente. Putin ameaça intermitentemente “descongelar” o conflito e mantém uma forte concentração de tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia.
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1. William Galston dizia, numa recente entrevista ao PÚBLICO, que o teste de uma política externa europeia credível se jogaria provavelmente na Ucrânia. Por outras palavras, na “frente” mais ameaçadora da estratégia de Putin para desestabilizar a Europa e alargar e consolidar em território europeu a esfera de influência russa que quer que seja equivalente à da antiga União Soviética. A história da Ucrânia, desde que se tornou independente, depois da implosão da União Soviética, em 1991, tem sido ditada pela extrema tensão entre o seu impulso para se aproximar do Ocidente, incluindo a União Europeia e até mesmo a NATO, e a pressão constante de Moscovo para impedir que isso alguma vez possa acontecer. Formaram-se governos pró-ocidentais, destruídos pela ingerência do Kremlin e corroídos pela corrupção interna. Houve uma “revolução laranja” (2004) quando as revoluções de democráticas, na primeira década do século, pareciam ainda promissoras e tinham cores. Quase 10 anos depois, a Ucrânia viveu de novo os gigantescos protestos da Praça Maidan, primeiro dos jovens, depois de muito mais gente, contra um governo pró-russo que quis pôr fim às negociações de um tratado de associação com a União Europeia. Reprimidos violentamente, desencadearam outra revolução democrática que Putin resolveu não tolerar. Tropas russas anexaram a Península da Crimeia e apoiaram a “insurreição” pró-russa na província do Donbass, na parte mais a Leste do país. Os acordos de Minsk, negociados por Merkel e Hollande com Putin, apenas serviram para congelar o conflito. A Ucrânia seguiu o seu percurso, insistindo na aproximação ao Ocidente. Putin ameaça intermitentemente “descongelar” o conflito e mantém uma forte concentração de tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia.