A covid-19 trouxe a época da vacinação “não-obrigatória”

Em desespero com uma nova vaga da pandemia, vários países estão a impor restrições diferenciadas para os não-vacinados. A vacina contra a covid-19 deve ser obrigatória ou voluntária? Enquanto se discute, emerge uma categoria intermédia: “não-obrigatória”, uma obrigatoriedade soft. A emergência sanitária força-nos ao confronto com novos valores e novos termos, dizem especialistas ouvidos pelo P2.

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Se a pandemia de covid-19 nos parece desde o início uma realidade inacreditável que se abateu sobre nós, chegámos agora a um momento em que o combate à infecção pelo vírus SARS-CoV-2 está a dividir a sociedade, com tons de distopia. Vários países estão a impor, ou estão a discutir seriamente a imposição, de restrições diferentes para quem recusou a vacinação — como os confinamentos selectivos, que a Áustria inaugurou esta semana, antes de se render à necessidade de decretar um confinamento geral. “Há dois meses, ninguém equacionava a possibilidade de haver confinamentos selectivos — eu próprio não me passaria pela cabeça, pensei que ficássemos pelos certificados digitais, mas alertei na altura que tínhamos aberto uma caixa de Pandora. Estas medidas provam que a abrimos”, diz Tiago Correia, especialista em Saúde Internacional no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-UNL).

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Se a pandemia de covid-19 nos parece desde o início uma realidade inacreditável que se abateu sobre nós, chegámos agora a um momento em que o combate à infecção pelo vírus SARS-CoV-2 está a dividir a sociedade, com tons de distopia. Vários países estão a impor, ou estão a discutir seriamente a imposição, de restrições diferentes para quem recusou a vacinação — como os confinamentos selectivos, que a Áustria inaugurou esta semana, antes de se render à necessidade de decretar um confinamento geral. “Há dois meses, ninguém equacionava a possibilidade de haver confinamentos selectivos — eu próprio não me passaria pela cabeça, pensei que ficássemos pelos certificados digitais, mas alertei na altura que tínhamos aberto uma caixa de Pandora. Estas medidas provam que a abrimos”, diz Tiago Correia, especialista em Saúde Internacional no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-UNL).