Covid-19: ECDC não recomenda restrições às viagens mas quer medidas para não vacinados na UE

Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças entende que novas restrições às viagens terão pouco impacto na mitigação da pandemia por oposição a medidas locais restritivas. Por outro lado, é “vital” para as estratégias nacionais alcançar os indivíduos não vacinados, de forma a aumentar a cobertura vacinal e proteger a população contra formas graves da doença.

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Nelson Garrido

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, sigla inglesa) rejeita a reintrodução de restrições às viagens na União Europeia (UE) como forma de conter o ressurgimento de casos de covid-19, apoiando antes medidas direccionadas para não vacinados.

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O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, sigla inglesa) rejeita a reintrodução de restrições às viagens na União Europeia (UE) como forma de conter o ressurgimento de casos de covid-19, apoiando antes medidas direccionadas para não vacinados.

“É pouco provável que as restrições às viagens tenham um impacto importante a longo prazo no calendário ou em intensidade em comparação com a rigorosa implementação local das intervenções não farmacêuticas [medidas restritivas], particularmente tendo em conta o domínio da variante Delta em todos os países da UE/EEE [União Europeia e Espaço Económico Europeu]”, declara o responsável pelo departamento de doenças contagiosas e epidemias do ECDC, Ole Heuer, em entrevista por escrito à agência Lusa, em Bruxelas.

Para Ole Heuer, “as restrições às viagens seriam importantes se implementadas muito cedo, de forma consistente e completa, e se houvesse provas de circulação de uma nova variante da SARS-CoV-2, particularmente de uma variante de fuga imunitária, para atrasar a sua introdução”.

Ainda assim, “durante as viagens, as medidas de protecção devem ser mantidas, independentemente do estatuto de vacinação do viajante”, argumenta o especialista, exortando que “se utilizem máscaras faciais, se evitem os ajuntamentos e se mantenha a distância física, bem como se aposte numa melhor ventilação nas estações e nos modos de transporte como aviões, comboios, autocarros”.

A UE enfrenta actualmente um elevado ressurgimento das infecções por SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, com os internamentos, as entradas nos cuidados intensivos e o número de mortes também a aumentar, situação causada pela dominância da variante Delta (mais contagiosa) e pela descida das temperaturas, mais propícia a doenças respiratórias.

Por estes dias, e também a pensar na época de festividades de fim de ano, vários países europeus reintroduzem medidas restritivas, principalmente para não vacinados, com a obrigação de apresentação de passe sanitário (comprovativo de vacinação ou teste) para acesso a determinados locais públicos, como a Alemanha ou Bélgica.

Já a Áustria, que começou por confinar os não vacinados, estendeu agora o confinamento a todos e tornou a vacinação obrigatória no país, sendo o primeiro país europeu a fazê-lo.

Questionado sobre estas medidas restritivas mais direccionadas para pessoas que optaram por não se vacinar, Ole Heuer afirma que “alcançar camadas de indivíduos não vacinados é vital para aumentar a cobertura vacinal e a protecção contra doenças graves, internamentos e mortes”.

Porém, “não existe uma abordagem única para aumentar a vacinação nas diversas populações”, já que se trata de “uma questão complexa e com razões subjacentes a uma menor utilização a variar consideravelmente entre países e dentro de cada país”, ressalva o especialista.

Ole Heuer lembra, ainda, que “diferentes países relataram [ao ECDC] ter adoptado uma série de estratégias para chegar aos indivíduos e grupos populacionais com baixo nível de vacinação”, tentando “adaptar as diferentes medidas com base nos factores responsáveis por essa baixa adesão, tais como [...] a desinformação, a desconfiança ou a falta de informação clara”.

Por essa razão, “algumas destas estratégias incluíram equipas ou clínicas de vacinação móveis, estratégias de comunicação direccionadas e iniciativas de sensibilização”, exemplifica o especialista, falando ainda na introdução de incentivos à vacinação e na vacinação obrigatória de trabalhadores da saúde.