Vacina contra a covid-19 evitou 2300 óbitos e 200 mil infecções desde Maio
Segundo o epidemiologista Henrique Barros, a vacinação permitiu evitar também 135 mil dias de tratamento em enfermaria e 55 mil dias em unidades de cuidados intensivos.
O epidemiologista Henrique Barros estima que a vacinação contra a covid-19 tenha evitado 2300 óbitos e 200 mil infecções desde Maio. A estimativa foi revelada esta sexta-feira no Infarmed, em Lisboa, numa reunião que juntou políticos e peritos para analisar a evolução da pandemia.
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O epidemiologista Henrique Barros estima que a vacinação contra a covid-19 tenha evitado 2300 óbitos e 200 mil infecções desde Maio. A estimativa foi revelada esta sexta-feira no Infarmed, em Lisboa, numa reunião que juntou políticos e peritos para analisar a evolução da pandemia.
Segundo o investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, a vacinação permitiu evitar também 135 mil dias de tratamento em enfermaria e 55 mil dias em unidades de cuidados intensivos.
Também Baltazar Nunes analisou esta questão. Sem a vacinação, o especialista afirma que teríamos 119 mortes por milhão de habitantes na população acima dos 65 até aos 79 anos em Agosto, Setembro e Outubro. “Observámos apenas 13 mortes por milhão de habitantes, é uma redução de cerca de 90%. Para o grupo dos acima dos 80 anos, a redução foi de 217 para 72 mortes por milhão de habitantes”, apontou.
A inoculação de pessoas com mais de 80 anos com uma dose de reforço foi um contributo para a diminuição da incidência do vírus nesta faixa etária. De acordo com a análise de Ausenda Machado, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, estes dados mostram a importância da chegada da dose de reforço à população portuguesa. Também Pedro Pinto Leite, da Direcção-Geral da Saúde, identificou uma estabilização do número de casos em pessoas acima dos 80 anos, factor que ligou, à semelhança de Ausenda Machado, à inoculação adicional deste grupo.
A investigadora sublinhou ainda a eficácia das vacinas no que diz respeito à protecção contra internamentos e mortes: cinco meses após a inoculação, este valor ainda permanece nos 70%. Na eficácia contra a infecção, todas as faixas etárias analisadas por Ausenda Machado (dos 30 aos maiores de 80 anos) registaram uma efectividade acima dos 50%.
No que toca à eficácia contra a infecção, a efectividade da vacina cai para os 47% quatro meses após a inoculação. Este balanço analisou as vacinas da Pfizer e da Moderna, que requerem duas doses. No primeiro mês após a inoculação, a efectividade permanece nos 73%, caindo para os 47% após três meses. A última categoria, que mede a efectividade após cinco meses, diz que a eficácia cai para os 15%. Contudo, Ausenda Machado sublinha que este valor será actualizado com mais informação no futuro, visto que esta estimativa tem “uma baixa precisão”. “A cauda desta avaliação tende a estar subestimada”, salientou.
No balanço à evolução da pandemia, Henrique Barros analisou o número de casos, internamentos, cuidados intensivos e mortes dos últimos meses: em 2021, estes números são menores do que os observados em períodos homólogos em 2020.
“Há o desenho de um quadro inequívoco de uma apresentação sazonal e em que se adivinha muito bem a transformação endémica deste nosso contacto com o vírus da covid-19. O segundo aspecto é que há uma diferença entre o que aconteceu no primeiro [2020] e segundo ano [2021]: essa diferença é essencialmente marcada pelo processo de vacinação, que permite explicar muito a diferença que vemos nestas curvas”, explicou.
Henrique Barros usou o dia 15 de Novembro para comparar a diferença da pandemia entre 2021 e 2020. Quais as diferenças quando comparamos o mesmo dia nos dois anos? Actualmente, há menor número de casos diários, as pessoas com 80 ou mais anos já não são as mais atingidas pelo vírus e a incidência do vírus nas crianças abaixo dos dez anos ultrapassou a da população mais vulnerável.
A inversão da incidência pandémica para os mais novos é uma das grandes surpresas. Juntando esse factor á diminuição de infecções mais graves, o epidemiologista não tem dúvidas: vacinar as crianças é uma prioridade. “É lícito dizer que a vacinação é a nossa medida fundamental de protecção. É muito importante vacinar as crianças e quando as vacinas estiverem inequivocamente aprovadas, a vacinação das crianças seguramente é uma prioridade. Como é prioridade reforçar a vacinação das pessoas à medida que o tempo vai passando.”