Paulo Martins Barata. Casa da Volta, Grândola
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No 17.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com o arquitecto Paulo Martins Barata, do atelier Promontorio, sobre a Casa da Volta. Localizada em Grândola, a habitação introduz uma série de questões em torno do que é falso e do que é verdadeiro e insere-se nessa sensibilidade que o arquitecto denomina como meta-modernismo.
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No 17.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com o arquitecto Paulo Martins Barata, do atelier Promontorio, sobre a Casa da Volta. Localizada em Grândola, a habitação introduz uma série de questões em torno do que é falso e do que é verdadeiro e insere-se nessa sensibilidade que o arquitecto denomina como meta-modernismo.
No primeiro momento da entrevista, Paulo Martins Barata começa por falar sobre o espírito colaborativo do Promontorio, que funciona como um atelier-escola, onde são desenvolvidas competências que permite a cada um dos arquitectos pensar de forma independente, sem sucumbir à produção desenfreada: “O importante é manter a criatividade e o sentido crítico sobre o trabalho que se desenvolve para se conseguir fugir a essa armadilha, que é a produção sem critério ou a produção que tem como único fim a obtenção de honorários e o funcionamento de uma máquina”.
À medida que a conversa avança, o arquitecto vai partilhando connosco novas reflexões. Entre elas, destaca-se o ponto de viragem, que surgiu a partir do meio da última década, e que o arquitecto denomina como meta-modernismo. Não sendo um movimento como o foi o pós-modernismo, para o entrevistado trata-se de uma sensibilidade que cria um “novo potencial de expressividade” e um “olhar crítico sobre o desenho e o projecto”. Como se pode perceber, a Casa da Volta foi pensada à luz dessa sensibilidade.
A fachada, caiada de branco, parece ser de pedra, mas na verdade é apenas forra colada, deliberadamente falsa: “É uma casa que é absolutamente falsa na sua génese tectónica, (...) mas não se inibe de ser de pedra. Ou seja, de se apresentar como sendo de pedra. Como se a única possibilidade residisse nessa ironia. É irónico, mas ainda assim há a tal ideia que é sincera”.
Durante o processo construtivo, os arquitectos tiveram também de encontrar soluções para esconder as imperfeições causadas pela precariedade dos pedreiros: “A qualidade era muito má, estavam sempre a mudar. Por vezes, eram contratados durante uma semana e depois a seguir vinham outros”, lembra o arquitecto.
As paredes quase cegas são cobertas na cimalha e revelam um telhado, que na realidade também não existe e, quem olha do lado de fora, vê “esse grande rectângulo branco pousado numa terra encarniçada”. Para além disso, o posicionamento da casa foi formalmente delimitado. A casa está inserida num terreno de sete mil metros quadrados, mas para cumprir o afastamento necessário e garantir as normas de segurança contra incêndios só poderia ocupar 459,9 metros quadrados de área de construção: “Ficámos constrangidos naquele local. O sítio onde se podia construir era, efectivamente, muito limitado”, esclarece o arquitecto.
Como a casa ecoa a tradição da alcáçova portuguesa, remete para a tipologia de casa agrícola fortificada. Concebida em torno de um pátio murado, no qual encaixam três volumes internos, a habitação dá protecção e resiste à paisagem agreste. Os três volumes ocupam os lados norte, nascente e poente do grande pátio. No centro desse pátio, avista-se uma grande azinheira, descrita pelo arquitecto como uma “estrutura escultoricamente maravilhosa”. As janelas dos quartos abrem-se para o pátio, enquanto a ala social se estende completamente para poente. A partir desse ponto, avista-se a piscina, onde a água cai na gravilha, desaparece num canal para instantes depois regressar à piscina. Funciona como uma “taça com água” que cria um momento de frescura.
No final, Paulo Martins Barata confidencia que, com este projecto, voltou a ter “o gosto de construir casas” e afirma ainda que o Promontorio teve a possibilidade de explorar o tema da casa, que no fundo é o “tema universal do arquitecto”.
No País dos Arquitectos é um dos podcasts da Rede PÚBLICO. Produzido pela Building Pictures, criada com a missão de aproximar as pessoas da arquitectura, é um território onde as conversas de arquitectura são uma oportunidade para conhecer os arquitectos, os projectos e as histórias por detrás da arquitectura portuguesa de referência.
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