Antes da estreia de Contado pela Minha Mãe, em Beirute, o coreógrafo libanês Ali Chahrour tinha decidido que essa seria a sua última criação preparada no país. O percurso para chegar até ali tinha sido demasiado espinhoso, árduo e imprevisível. Depois de ter passado meses a desenterrar dolorosas histórias familiares ligadas à perda, ter partilhado descompressões de choro com a equipa nos intervalos dos ensaios devido à matéria com que trabalhavam, ver-se obrigado a montar a peça com 30% do orçamento — porque o valor restante estava congelado no banco, devido à crise financeira em que o Líbano se vê mergulhado — e ter de confrontar-se com a decisão de um dos intérpretes (hesitante entre dançar ou continuar a sua formação como soldado-mártir), depois de tudo isto houve ainda a explosão do porto de Beirute em Agosto de 2020 e o surgimento da pandemia enquanto cereja estragada no topo de um bolo já quase totalmente desfeito.
Opinião
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