Governo vai convocar reunião do Infarmed nas próximas semanas para preparar o Natal

A missão é “salvar” o Natal. Há um ano, Portugal estava numa situação mais complicada: tinham sido registados mais de 76 mil casos na primeira quinzena de Novembro; este ano, foram 16 mil infecções no mesmo período.

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Nas reuniões do Infarmed, peritos reúnem-se com Governo e autoridades de saúde para debater a situação epidemiológica da covid-19 no país LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Numa altura em que a Europa começa a definir novas estratégias de confinamento, adequando-as aos níveis de vacinação de cada país, o Governo português decidiu agendar uma reunião de peritos, políticos, parceiros sociais e conselheiros de Estado no Infarmed até Dezembro.

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Numa altura em que a Europa começa a definir novas estratégias de confinamento, adequando-as aos níveis de vacinação de cada país, o Governo português decidiu agendar uma reunião de peritos, políticos, parceiros sociais e conselheiros de Estado no Infarmed até Dezembro.

A missão é, mais uma vez, “salvar” o Natal. A informação foi confirmada ao PÚBLICO pelo Governo, mas foi a Presidência da República que avançou a notícia ao Observador. O jornal explica que Belém está a seguir com atenção o aumento de casos de covid-19 em Portugal e a ver com preocupação o facto de a dose adicional da vacina não estar a avançar ao ritmo desejável, o que pode obrigar a “uma campanha de sensibilização mais alargada”.

Portugal registou, no sábado, 1483 casos de infecção e 15 mortes por covid-19. Desde o fim de Agosto que não havia um número tão elevado de mortes diárias: no dia 31 de Agosto foram registados 27 óbitos. De acordo com o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), divulgado no domingo, o número total de doentes internados voltou a subir pelo oitavo dia consecutivo.

Na primeira quinzena de Novembro de 2020, há precisamente um ano, Portugal estava numa situação menos confortável. O número de casos diários estava já a aumentar, oscilando, naqueles primeiros quinze dias, entre as 2 mil e as 7500 infecções diárias. No total, foram registados mais de 76 mil casos entre 1 e 15 de Novembro, um número muito mais elevado do que os 16 mil deste ano.

O número de mortes diárias também era muito superior, oscilando entre as 45 e as 91 por dia. No total, em 15 dias, morreram cerca de 928 pessoas. Até agora, no mês de Novembro de 2021, morreram 100. O número de doentes internados nos hospitais seguia uma trajectória semelhante. A 1 de Novembro de 2020, Portugal tinha 2255 pessoas internadas (294 nos cuidados intensivos). A 15 de Novembro, este indicador já tinha ultrapassado a casa dos 3 mil (e cerca de 400 doentes estavam nos cuidados intensivos). Mas há um ano não havia vacina, apesar de também ainda não haver a variante Delta a circular, até agora a mais contagiosa de todas.

Em Novembro de 2020, Portugal (e restantes países da UE) não tinha ainda iniciado a campanha de vacinação, que viria a ter início mais de um mês e meio depois. A 27 de Dezembro, Portugal começou o processo ao vacinar os profissionais de saúde mais expostos ao vírus. Agora, quase um ano volvido, 86% da população portuguesa elegível para receber a vacina já está imunizada e 87% tem pelo menos uma dose.

Ao PÚBLICO, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes diz que a situação epidemiológica do país se mantém igual ao início da semana, altura em que, juntamente com o matemático Carlos Antunes, divulgou um ensaio sobre os próximos meses no que toca à covid-19.

“Estamos em crescimento exponencial desde Outubro. A incidência vai continuar a crescer e, de momento, não é possível dizer onde será o pico. Prevemos, presentemente, que atingiremos o número médio diário de 2000 casos ainda em Novembro”, refere Carmo Gomes. “Quando o número de casos aumenta muito, há sempre impacto hospitalar e óbitos. Alguns dos mais idosos com comorbilidades adoecem com gravidade. A proporção destes é, evidentemente, muito inferior à da situação pré-vacinação.”

O epidemiologista diz ainda que a contagiosidade da variante Delta “é demasiado elevada” para que se consiga travar a sua propagação sem uma combinação de elevada protecção vacinal e de medidas de distanciamento. “Daí a necessidade de o reforço da vacinação avançar depressa.”