Partido centrista anticorrupção vence eleições na Bulgária
O partido “Vamos Continuar a Mudança”, com 25,5% dos votos, está bem posicionado para formar coligação com os socialistas e dois partidos anticorrupção. GERB, do ex-primeiro-ministro Boiko Borisov, soma 22,8%.
Com 93,3% dos votos contados, a formação centrista “Vamos Continuar a Mudança” surge como a vencedora das eleições legislativas de domingo na Bulgária – as terceiras no espaço de um ano –, aumentando a esperança de colocar um ponto final na crise política que se arrasta há meses. A participação rondou os 40%, segundo as estimativas, um recorde mínimo de adesão, e prevê-se que os resultados finais sejam divulgados na terça-feira.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Com 93,3% dos votos contados, a formação centrista “Vamos Continuar a Mudança” surge como a vencedora das eleições legislativas de domingo na Bulgária – as terceiras no espaço de um ano –, aumentando a esperança de colocar um ponto final na crise política que se arrasta há meses. A participação rondou os 40%, segundo as estimativas, um recorde mínimo de adesão, e prevê-se que os resultados finais sejam divulgados na terça-feira.
O partido anticorrupção “Vamos Continuar a Mudança”, criado apenas há dois meses por dois antigos ministros interinos, lidera os resultados com 25,5% dos votos. Em segundo lugar surge o partido conservador GERB (Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária), do ex-primeiro-ministro Boiko Borisov, com 22,8% do apoio. A sua liderança terminou em Abril, depois de estar no poder desde 2009, na sequência do descontentamento da população face à incapacidade de combater a corrupção no país.
Em terceiro lugar ficou a formação MRF, que representa a minoria turca, com 13,2% dos votos. Segundo os resultados, com os boletins quase totalmente contados, o Parlamento será ainda mais fragmentado, comparando com os resultados das últimas eleições: serão sete os partidos com assento parlamentar.
Já na eleição do Presidente – as eleições presidenciais decorreram em paralelo com as legislativas no domingo –, o Presidente, Rumen Radev, um dos maiores críticos de Borisov, conquistou 49,4% dos votos e é o favorito para conquistar um segundo mandato depois da segunda volta, prevista para 21 de Novembro. Irá disputar o cargo com Anastas Gerdjikov (teve 22,8% dos votos), reitor da Universidade de Sófia e apoiado pelos conservadores.
Estas foram as terceiras eleições legislativas na Bulgária no espaço de um ano. Depois das eleições de Abril, e novamente em Julho, não houve consenso para a formação de um novo Governo, arrastando a crise no país, menos de um ano depois de uma onda de manifestações anticorrupção ter abalado o cenário político búlgaro.
Além da corrupção, o Estado-membro mais pobre da União Europeia enfrenta um momento crítico da pandemia, cuja gestão tem sido condicionada pelo impasse político. “Votei naquilo pelo qual estamos a lutar e para o que esperamos que aconteça: uma maior mudança a todos os níveis, para que possamos ter uma vida melhor, pelo menos para as nossas crianças”, disse Kostadin Manov, de 39 anos e pai de duas crianças, depois de ter votado na capital, Sófia, citado pela Reuters.
Possível coligação
Segundo os analistas, o partido “Vamos Continuar a Mudança” parece ser a formação mais bem posicionada para formar uma coligação com o apoio dos socialistas, que ganharam 10,3% dos votos, e com os partidos anticorrupção Bulgária Democrática (6,2% do apoio) e o Este Povo Existe (ITN), que conseguiu 9,6% dos votos. O ITN ficou penalizado depois de não ter formado um executivo em Agosto, mesmo tendo conseguido 24% do apoio em Julho.
“Formar um Governo será mais complicado, porque vão ser necessários pelo menos quatro partidos para atingir a maioria”, disse Dobromir Zhivkov, analista político do instituto de sondagens Market Links.
Ainda assim, “a necessidade urgente de ter um Governo estável deverá permitir que todas as partes façam cedências mais facilmente, pelo menos a curto prazo”, disse Andrius Tursa, da consultora Teneo.
Nesse sentido, um dos líderes do “Vamos Continuar a Mudança”, Kiril Petkov, garantiu no domingo estar aberto ao diálogo e a fazer cedências nas negociações para formar um executivo. No entanto, disse que o seu partido não iria voltar atrás nas suas promessas de rever o sistema judicial e combater a corrupção.
“Seremos a força política número um (…) e a Bulgária terá uma coligação estável”, dizia aos jornalistas, após saber os resultados iniciais. O país “dirige-se para um novo caminho”, continuou Petkov, que espera tornar-se primeiro-ministro e ter como ministro das Finanças Assen Vassilev, co-fundador do seu partido.