Curtis é o bebé mais prematuro do mundo a sobreviver. Nasceu com 21 semanas e um dia
Era uma gravidez gemelar e o seu par (uma menina) não sobreviveu. Já Curtis, que nasceu com apenas 420 gramas, lutou pela vida desde a primeira golfada de ar e é, actualmente, o bebé mais prematuro de sempre a sobreviver.
Se tudo tivesse corrido como esperado e a gravidez tivesse sido de termo, Curtis teria celebrado o seu primeiro aniversário há menos de um mês, tendo como parceira a irmã C’Asya Means. Sendo gémeos, era muito provável que nascessem antes de 11 de Novembro de 2020, dia em que se cumpriam as 40 semanas de gestação – mas nada nem ninguém preparara a mãe dos bebés para o quão prematuramente poderiam nascer.
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Se tudo tivesse corrido como esperado e a gravidez tivesse sido de termo, Curtis teria celebrado o seu primeiro aniversário há menos de um mês, tendo como parceira a irmã C’Asya Means. Sendo gémeos, era muito provável que nascessem antes de 11 de Novembro de 2020, dia em que se cumpriam as 40 semanas de gestação – mas nada nem ninguém preparara a mãe dos bebés para o quão prematuramente poderiam nascer.
A meio do segundo trimestre, no dia em que assinalava as 21 semanas de gravidez, Michelle Butler, de 35 anos, começou a sentir fortes contracções, a ponto de ter de ser conduzida às urgências do hospital local. O caso era grave e a mulher acabaria por ser transferida para a Universidade do Alabama em Birmingham (UAB), conhecida por ter um dos melhores serviços de neonatologia dos Estados Unidos.
Só que, apesar dos esforços da experiente equipa médica da Unidade Regional de Cuidados Intensivos Neonatais (RNICU) para controlar a situação e manter os bebés na barriga da mãe, o desfecho foi inevitável. No entanto, seguindo os desejos da mãe, a equipa decidiu permitir que os bebés C’Asya Zy-Nell e Curtis Zy-Keith Means nascessem e dar-lhes uma oportunidade. “O pessoal médico disse-me que normalmente não mantêm bebés com essa idade [de gestação]”, recordou a mãe numa entrevista exclusiva ao Guinness World Records.
Os gémeos chegaram ao mundo por volta das 13h do dia 5 de Julho de 2020, com uma idade gestacional de 21 semanas e um dia. A menina, menos desenvolvida, não resistiu e faleceu menos de 24 horas depois. Já o menino foi uma surpresa que nem os médicos esperavam: “Ele foi impressionante desde o primeiro fôlego”, lembrou o neonatologista Brian Sims, que fez o parto dos gémeos.
“As estatísticas dizem que os bebés nesta idade não vão sobreviver. A pergunta da mãe para mim foi: ‘Podemos dar uma oportunidade aos meus bebés?’” E nem o médico sabe porque decidiu fazê-lo, apenas que aqueles primeiros minutos, horas e dias foram um desafio para todos na equipa e para Curtis.
“[O bebé] mostrou inicialmente que respondia ao oxigénio, o seu ritmo cardíaco subiu, os seus números subiram. (…) Ele queria sobreviver”, asseverou Brian Sims, que, ao longo da sua carreira de mais de 20 anos, “nunca tinha visto um bebé tão prematuro ser tão forte”. “Havia algo de especial no Curtis.”
Também o professor assistente no Serviço de Neonatologia da UAB Colm Travers, co-director do Programa Golden Week do hospital para bebés extremamente prematuros, ficou surpreendido com toda a situação. E foi a primeira pessoa a suspeitar de que a idade gestacional de 21 semanas e um dia de Curtis poderia ter estabelecido um recorde mundial, ajudando a mãe a apresentar a candidatura ao Guinness World Records.
“A primeira coisa que me impressionou quando vi o Curtis foi o quão pequeno ele era, o quão frágil a sua pele era. Fiquei surpreendido que, sendo tão prematuro, estivesse vivo e a responder aos tratamentos”, contextualizou Colm Travers.
Com menos de 1% de hipóteses de sobrevivência, Curtis nasceu com 420 gramas e cada grama ganho depois disso foi uma conquista. Mas, apesar de as probabilidades estarem contra si, o menino não deixou de responder bem a qualquer tratamento.
“Inicialmente, para se manter vivo, Curtis dependia de apoio respiratório e tomava medicação para o coração e pulmões”, especificou Colm Travers. “Depois, durante as semanas seguintes, conseguimos diminuir a quantidade de apoio. Quando ele tinha cerca de três meses, conseguimos finalmente tirá-lo do ventilador. Esse foi um momento especial.”
Curtis viveu praticamente o seu primeiro ano de vida no hospital: recebeu alta a 6 de Abril de 2021, 275 dias após o seu nascimento, quando a equipa da RNICU avaliou que o rapaz estava apto a ir para casa, mesmo que ainda tenha de receber oxigénio e ser alimentado por um tubo: dois pequenos inconvenientes que, segundo a mãe, não lhe roubam energia.
“Ele é muito activo”, queixa-se a mãe, sem deixar de sorrir, descrevendo Curtis como um bebé feliz.
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Foi no dia 5 de Julho de 2021, dia em que celebrou o seu primeiro aniversário, que Curtis pôde ser considerado para o recorde do bebé mais prematuro a sobreviver e a candidatura entregue – nem um mês antes, o recorde tinha sido atribuído a Richard Hutchinson, do Wisconsin, que, nascido exactamente um mês antes de Curtis, contava com um dia extra de gestação.
Antes, a marca pertencia a James Elgin Gill, que nasceu em Otava, capital do Canadá, a 20 de Maio de 1987, com uma idade gestacional de 21 semanas e cinco dias.