Vamos voltar às restrições? Patrões alertam contra “exageros”

CIP não se opõe abertamente a medidas, como o regresso ao teletrabalho, mas diz que Portugal tem situação “mais favorável” e pede medidas “fundamentadas”.

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Governo admite regresso ao teletrabalho Ricardo Lopes

A perspectiva de um regresso ao teletrabalho e a restrições à actividade ou mobilidade face a um aumento do número de infecções por covid-19 leva a maior confederação patronal do país a lançar um alerta: faça-se o que tem de ser feito para manter a situação sanitária sob controlo, mas com medidas que sejam “proporcionais”.

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A perspectiva de um regresso ao teletrabalho e a restrições à actividade ou mobilidade face a um aumento do número de infecções por covid-19 leva a maior confederação patronal do país a lançar um alerta: faça-se o que tem de ser feito para manter a situação sanitária sob controlo, mas com medidas que sejam “proporcionais”.

O vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Óscar Gaspar, afiança que os empresários querem contribuir com posições “construtivas” e “de diálogo”, mas exige que as medidas que possam vir a ser tomadas no futuro próximo para conter o número de infecções têm de ser fundamentadas com “dados objectivos”.

“É verdade que tem havido um agravamento no Centro da Europa” quer da pandemia, quer de medidas de controlo, mas “Portugal parte de uma situação algo favorável em relação há um ano, com uma vacinação muito elevada que facilita a situação”, defende.

Dado que o primeiro-ministro, António Costa, já convocou para sexta-feira nova reunião no Infarmed para se analisar a situação epidemiológica, e tendo em conta que o próprio Governo já admite o regresso ao teletrabalho, pela voz da ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, a CIP entende que é necessário “fundamentar bem as medidas, para não haver exagero”. 

O receio, segundo este dirigente, é que se tomem medidas mais drásticas do que o necessário. E, por isso, Gaspar recomenda ponderação para que “não se penalize ainda mais” a economia com restrições que, quiçá, não sejam necessárias.

“No último ano e meio, os locais de trabalho não foram ambiente de propagação da pandemia”, argumentou Gaspar, apontando para a demonstração de “responsabilidade dos trabalhadores” e para a eficácia dos planos de contingência das empresas. 

O desempenho foi “excelente”, prosseguiu. “Não quer dizer que não houvesse casos, mas houve uma contenção nos escritórios e nas empresas industriais”. Pelo contrário, “o impacto económico da crise foi absolutamente brutal”, com “uma recessão histórica” e “graves impactos no rendimento”. Por isso, “faça-se o necessário, mas não se tomem medidas que sejam mais penalizadoras”, resumiu.

Tal como o PÚBLICO noticiou esta segunda-feira, há um ano, Portugal estava numa situação mais complicada: tinham sido registados mais de 76 mil casos na primeira quinzena de Novembro; este ano, foram 16 mil infecções no mesmo período.

A incidência e a transmissibilidade da covid-19 em Portugal tem estado continuamente a subir nas últimas semanas. Essa tendência faz-se sentir desde Setembro, com um aumento mais significativo desde meados de Outubro. Na sexta-feira passada, a incidência situava-se nos 133,3 casos por 100 mil habitantes, acima, portanto, do limiar de 120 casos que tinha sido definido em Março passado, na fase mais crítica, para decidir sobre o avanço, travagem ou recuo no desconfinamento.

Ainda assim, Portugal é o sexto país da UE com menos novos casos e menos mortes por dia. No número de casos, em melhor situação somente Itália, Finlândia, Malta, Suécia e Espanha. Quanto a mortes por milhão de habitantes, estão melhor Finlândia, Espanha, França, Suécia e Malta.